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Após fraude, venda de leite longa vida caiu 10%
Associação atribui queda às denúncias de adulteração do produto em Minas
Entidade diz que setor é acusado injustamente, pois, "se houve adulteração no leite cru, contaminação ocorreu em todos os derivados"
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
A venda de leite longa vida
caiu 10% no país na semana
passada, quando a operação
Ouro Branco, da Polícia Federal, prendeu 28 pessoas acusadas de adulterar o produto em
Minas. A informação é da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV), que atribui a
queda às denúncias de que há
nos produtos substâncias como
soda cáustica e água oxigenada.
O percentual representa cerca de R$ 14,5 milhões, equivalentes a 9,5 milhões de litros. A
associação reúne os 30 principais fabricantes, responsáveis
anualmente por 4 bilhões de litros de leite de caixinha.
Em entrevista coletiva ontem, o vice-presidente da organização, Laércio Barbosa, disse
que as indústrias de leite longa
vida (ou UHT) estão sendo "injustamente acusadas", pois, "se
houve adulteração no leite cru,
a contaminação não ocorreu
apenas no longa vida, e sim em
todos os derivados do leite, como queijo, requeijão etc.".
Segundo ele, nesta semana,
as vendas estão, "paulatinamente", voltando ao normal.
Barbosa afirmou insistentemente que não há indícios da
presença de soda cáustica em
leite longa vida, mas, questionado, respondeu que não afasta
essa possibilidade.
Ele disse que as análises feitas pelas indústrias e pelas vigilâncias estaduais e municipais
são insuficientes e culpou parcialmente os pequenos produtores. "Alguns não se adequaram à IN-51 [instrução normativa que prevê, entre outros
pontos, que o leite seja refrigerado pelo produtor]. Mas há falha também do ministério [da
Agricultura] e das indústrias."
Para 2008, a ABLV prevê
criar um selo de qualidade.
Preços em queda
Em outubro, o preço do leite
longa vida teve forte redução,
mas a queda não pode ser atribuída às denúncias. O IPC-S
(Índice de Preços do Consumidor Semanal) apontou redução
de 14,6% no leite longa vida e de
12,2% no longa vida light. Já o
IGP-M (Índice Geral de Preços
- Mercado) mostrou redução
de 14,4% no longa vida.
Para o economista André
Braz, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) -que coordena os
dois índices-, esta queda não
pode ser creditada ao caso de
adulteração. Se em novembro a
redução se mantiver, porém,
será a principal responsável.
"O preço do leite já estava em
queda. Em setembro, por
exemplo, caiu cerca de 10%",
disse. "Faz parte da correção do
preço, que estava alto." Mas ela
já está no fim, aponta Braz.
"Portanto, se a deflação continuar alta, é por causa de redução de demanda, certamente
influenciada pelo problema."
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