São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Após fraude, venda de leite longa vida caiu 10%

Associação atribui queda às denúncias de adulteração do produto em Minas

Entidade diz que setor é acusado injustamente, pois, "se houve adulteração no leite cru, contaminação ocorreu em todos os derivados"

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

A venda de leite longa vida caiu 10% no país na semana passada, quando a operação Ouro Branco, da Polícia Federal, prendeu 28 pessoas acusadas de adulterar o produto em Minas. A informação é da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV), que atribui a queda às denúncias de que há nos produtos substâncias como soda cáustica e água oxigenada.
O percentual representa cerca de R$ 14,5 milhões, equivalentes a 9,5 milhões de litros. A associação reúne os 30 principais fabricantes, responsáveis anualmente por 4 bilhões de litros de leite de caixinha.
Em entrevista coletiva ontem, o vice-presidente da organização, Laércio Barbosa, disse que as indústrias de leite longa vida (ou UHT) estão sendo "injustamente acusadas", pois, "se houve adulteração no leite cru, a contaminação não ocorreu apenas no longa vida, e sim em todos os derivados do leite, como queijo, requeijão etc.".
Segundo ele, nesta semana, as vendas estão, "paulatinamente", voltando ao normal.
Barbosa afirmou insistentemente que não há indícios da presença de soda cáustica em leite longa vida, mas, questionado, respondeu que não afasta essa possibilidade.
Ele disse que as análises feitas pelas indústrias e pelas vigilâncias estaduais e municipais são insuficientes e culpou parcialmente os pequenos produtores. "Alguns não se adequaram à IN-51 [instrução normativa que prevê, entre outros pontos, que o leite seja refrigerado pelo produtor]. Mas há falha também do ministério [da Agricultura] e das indústrias."
Para 2008, a ABLV prevê criar um selo de qualidade.

Preços em queda
Em outubro, o preço do leite longa vida teve forte redução, mas a queda não pode ser atribuída às denúncias. O IPC-S (Índice de Preços do Consumidor Semanal) apontou redução de 14,6% no leite longa vida e de 12,2% no longa vida light. Já o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) mostrou redução de 14,4% no longa vida.
Para o economista André Braz, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) -que coordena os dois índices-, esta queda não pode ser creditada ao caso de adulteração. Se em novembro a redução se mantiver, porém, será a principal responsável.
"O preço do leite já estava em queda. Em setembro, por exemplo, caiu cerca de 10%", disse. "Faz parte da correção do preço, que estava alto." Mas ela já está no fim, aponta Braz. "Portanto, se a deflação continuar alta, é por causa de redução de demanda, certamente influenciada pelo problema."


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