Vitória registrou ontem, em 11 h, 40% da média histórica de chuva em dezembro

Exército brasileiro coordena a distribuição de água para seis Estados do país que têm municípios em estado de emergência pela estiagem

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO

As fortes chuvas que atingem a região Sudeste há cerca de uma semana provocaram pelo menos mais uma morte, em Teresópolis (RJ), e deixaram ruas alagadas em Vitória (ES).
Já no Nordeste, 180 municípios afetados pela seca em seis Estados estão em situação de emergência e dependem da distribuição de água, que está sendo feita pelo Exército.
Fabiano Dias da Rosa, 20, morreu soterrado em Teresópolis (a 90 km do Rio) quando, às 3h10 de ontem, um deslizamento de terra destruiu sua casa. A mãe -Teresa Dias da Rocha, 58- e o padrasto -Manoel Pedro de Oliveira- de Fabiano estavam desaparecidos até a conclusão desta edição.
Com isso, subiu para ao menos três o número de mortos no Estado em decorrência das chuvas. Uma outra morte ocorreu em Minas na última quinta.
Ontem, a cidade de Vitória foi a mais atingida. Registrou, em 11 horas, 40% da média histórica de chuvas para todo o mês de dezembro. Da 0h até 11h, choveu 97 mm (97 litros por m2) -a média histórica é de cerca de 240 mm.
Por causa do excesso de água, ruas ficaram alagadas e a cidade enfrentou o pior trânsito do ano pela manhã, segundo a Defesa Civil da cidade.
No bairro Vila Rubim, um cano de esgoto arrebentou e a água invadiu uma casa. Há risco de desmoronamento de barrancos e desabamento de casas em pelo menos dois pontos.
Em Itaguaçu (128 km de Vitória), quatro famílias tiveram de abandonar as casas.
Até a conclusão desta edição, a Defesa Civil do Estado registrou cerca de 20 pessoas desabrigadas. Não houve mortes nem feridos.
O temporal foi provocado pelo choque de uma massa de ar frio vinda do Rio e de São Paulo com uma massa de ar quente que estava sobre o Espírito Santo. Como Vitória está perto de uma área montanhosa, a chuva ficou concentrada sobre a cidade.
Em Minas e São Paulo, as chuvas diminuíram de intensidade, mas as cidades de Itanhaém e Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, tiveram o abastecimento de água interrompido. De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), as águas de dois rios ficaram muito sujas por causa das chuvas, inviabilizando o tratamento e a distribuição. Cerca de 120 mil casas foram afetadas.
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, recebeu o reforço de 250 homens do Exército, que vão auxiliar no atendimento às famílias e na execução de obras emergenciais.

Seca
Dos seis Estados atingidos pela seca, o Ceará é o Estado com o maior número de municípios (56) atendidos pelos carros-pipa do Exército. A Paraíba aparece em segundo lugar, com 53 cidades, seguido do Piauí, com 30 municípios.
Na Bahia e em Pernambuco, a ajuda chega a sete localidades por Estado. No Rio Grande do Norte, o governo aprovou o envio dos caminhões-pipa a 27 municípios, mas o Exército aguarda liberação de recursos.
Segundo o coordenador-adjunto da 4ª Seção do CMN (Comando Militar do Nordeste), major Maurício Agnese, o governo investiu cerca de R$ 4,5 milhões na "Operação Pipa", como foi batizado o trabalho.
Além de coordenar a distribuição da água, feita na maior parte por empresas contratadas por licitação, militares são responsáveis pela coleta do produto, tratamento e fiscalização. O abastecimento não é feito de porta em porta. Os carros-pipa enchem reservatórios instalados em áreas vizinhas às comunidades.
Segundo o major, o trabalho só termina quando as prefeituras não renovarem seus decretos de emergência. No ano passado, afirmou, 468 municípios foram socorridos por militares.
O período de chuva no sertão nordestino começa em meados de dezembro e prossegue até meados de abril. Segundo o chefe do setor de previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia em Recife, Ednaldo de Araújo, "o prognóstico é de chuva abaixo da média até fevereiro, por influência do El Niño [aquecimento anormal da superfície do oceano Pacífico, próximo à costa do Peru]".


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