São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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Prefeitura de SP cria rotas para deficientes

Subprefeituras terão até 2008 para modificar as calçadas em áreas que concentram bancos, hospitais, correios e lojas

Primeiro trajeto foi inaugurado sábado na Casa Verde, onde a av. Braz Leme ganhou um canteiro central adequado a cadeirantes

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos nas áreas que concentram bancos, hospitais, correios e lojas, as subprefeituras de São Paulo deverão arrumar as calçadas e deixá-las mais acessíveis a portadores de deficiência.
A Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida propôs para cada uma das 31 subprefeituras rotas de acessibilidade, a partir de um estudo minucioso da região feito com a ajuda de um programa de computador.
"Priorizamos as áreas que concentram os serviços essenciais e, depois, a intenção é ampliar a acessibilidade para o restante da cidade", diz a secretária Mara Gabrilli.
De acordo com ela, as subprefeituras têm prazo até 2008 para concluir as rotas. As calçadas acessíveis têm de seguir o modelo indicado pelo decreto 45.904/05. Nas que possuem mais de dois metros de largura, por exemplo, têm de ser feitas três faixas -uma de serviço, para colocação de árvores, postes e floreiras; uma segunda livre de obstáculos, para a circulação de pedestres; e uma terceira faixa de acesso a imóveis ou terrenos.
Depois de um ano entre apresentação dos projetos e conversas com os subprefeitos, entretanto, os resultados do projeto começam a aparecer. Segundo a secretaria, uma verba de cerca de R$ 11,3 milhões foi dividido entre as subprefeituras para a reforma das calçadas em lugares estratégicos.
A avenida Braz Leme, na zona norte, ganhou um canteiro central adequado a cadeirantes e outros portadores de deficiência. A inauguração ocorreu no sábado passado.
Foram eliminadas as duas calçadas laterais da avenida, e o canteiro central, com 2,80 m de largura, ganhou piso intertravado e uma pista de caminhada.
"Agora, existe um maior conforto e segurança. Além disso, as pessoas circulam por uma área arborizada, mais atraente", diz o subprefeito da Casa Verde, Marcos Duque Gadelho.
Uma das áreas prioritárias para a acessibilidade é a Vila Mariana, que concentra entidades que atendem portadores de deficiência, como a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Segundo a entidade, 2.500 deficientes circulam pela área diariamente.
A calçada acessível irá do metro Santa Cruz até o Hospital São Paulo, na rua Pedro de Toledo, e também no entorno da AACD (ruas Borges Lagos, Ascendino Reis e Pedro de Toledo). Segundo a subprefeitura, a idéia era refazer todo o quarteirão, mas o trecho do Hospital do Servidor acabou de ser refeito e "seria desperdício quebrar tudo de novo".
O primeiro trecho, que terá 7.000 m2, na rua Pedro de Toledo, já está em obras. O piso será de blocos intertravados e a calçada nova custará R$ 292 mil. O prazo previsto de entrega é meados de fevereiro de 2007. No total, a subprefeitura prevê um gasto de R$ 400 mil.

Preocupação mais ampla
O presidente voluntário da AACD, Eduardo Carneiro, elogia a ação da prefeitura, mas diz que ainda não é suficiente. "Isso interessa muito a nós. Mas a meu ver a prefeitura deveria ter uma preocupação mais ampla. Os deficientes não vão apenas à AACD fazer reabilitação, mas estudam, trabalham. Estamos ainda muito longe do ideal."
Para Gaudino Oliveira Teixeira, presidente da Associação em Defesa dos Direitos de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida, a ação não terá efeito em algumas subprefeituras. "Em Cidade Tiradentes, por exemplo, nem banco temos", diz.
A secretária Mara concorda que Cidade Tiradentes, assim como as subprefeituras de Perus e Guaianases, são as mais difíceis para tornar acessíveis em razão da grande quantidade de morros existentes.
Na opinião de Teixeira, seria mais importante para os portadores que fossem criadas coordenadorias para discutir com a população local os problemas de acessibilidade em cada subprefeitura. "Acho que faltou diálogo nesse processo."


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