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Riachos de Cajamar recebem despejo de lavanderia de jeans
Água de tratamento de jeans deixa córregos com cheiro forte e azul; cidade tem 17 empresas, sendo 11 irregulares
Legislação da região fraca em poluição ambiental favorece empresas; funcionários afirmam fazer tratamento da água
ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"
O azul intenso dos córregos
de Cajamar (a 42 km de SP)
chama a atenção de quem está
de passagem pela cidade. Quem
mora no município, porém, já
se acostumou à cor da água -de
tom vibrante e cheiro forte-,
resultado da água que sobra da
lavagem de peças jeans com soda cáustica e permanganato de
potássio (que dão o tom desgastado ao tecido). O líquido, que
deveria ser tratado, é despejado
nos riachos pelas dezenas de lavanderias de Cajamar e cidades
vizinhas.
Quem vive em torno dos dejetos das chamadas "beneficiadoras" do jeans são moradores
de bairros periféricos. As crianças do bairro Polvilho, em Cajamar, já nascem sabendo que,
ali, como em desenho animado,
o córrego é colorido. "Muitas
vezes, as crianças pulam aí para
pegar a bola", conta o comerciante Josias Oliveira, 35, que já
fez algumas reclamações à prefeitura sobre o despejo das
substâncias tóxicas.
Mas ele parece ser exceção
entre os moradores, já que a
água, com odor de cloro, não
apresenta cheiro de esgoto.
A empresa responsável pela
água azul do córrego na rua
Campos do Jordão é a Confecções Shauma. A lavanderia,
próxima de uma nascente, usa a
água no processo produtivo e
em um pequeno lago de águas
limpas, com patos e peixes.
Apesar de os funcionários da
empresa afirmarem que há
uma estação de tratamento de
água, o líquido azul apresenta
cheiro forte e causa ardência
nos olhos de vizinhos.
A prefeitura diz que a confecção é uma das poucas empresas
do ramo regularizadas na cidade -há outras 17 lavanderias
em Cajamar, sendo 11 informais, segundo a administração
municipal.
Segundo Paulo Sérgio Salvi,
coordenador técnico da disciplina beneficiamento de jeans
do Senai, sem o tratamento da
água, exigido pela lei, o serviço
prestado pelas empresas custaria a metade do preço. Ele diz
ainda que a legislação menos rigorosa em poluição ambiental
dessas cidades acaba atraindo
lavanderias clandestinas.
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