São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Porto de Itajaí pode ficar um mês parado

Paralisação gera prejuízo diário de US$ 35 milhões à cidade; preço de produtos importados pode aumentar no centro-sul do país

Força das águas do rio Itajaí destruiu o local; cargas estão sendo transferidas para outros portos, principalmente Santos (SP) e Paranaguá (PR)

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A paralisação das atividades no porto de Itajaí (SC), um dos maiores do país, gera um prejuízo diário de US$ 35 milhões (cerca de R$ 81, 2 milhões) para a economia da cidade, uma das mais afetadas pelas enchentes, e pode provocar um aumento nos preços de produtos importados em todo o centro-sul do país. Haverá impacto ainda nas exportações de carne.
O porto, que fica na foz (encontro do rio com o mar) do Itajaí, está parado desde o dia 21 devido à destruição causada pela força das águas do rio. E deve ficar até mais um mês sem operação. As águas chegaram ao porto com uma velocidade de cerca de 24 km/h, sendo que o normal é 2 km/h.
Um dos três berços de atracação em funcionamento foi totalmente destruído. Em outro, as águas levaram apenas parte da estrutura. A primeira estimativa da Prefeitura de Itajaí, dona do porto, foi que a reconstrução custaria cerca de R$ 320 milhões. O governo federal já anunciou a liberação de R$ 350 milhões para as obras.
Haveria possibilidade de operação em um dos berços do porto e nas outras unidades do complexo, o porto da vizinha cidade de Navegantes, que fica na outra margem do rio, e em duas áreas de atracação privadas em Itajaí. Tanto que o funcionamento foi normalizado ontem em todas as áreas administrativas. Porém, o rio está assoreado, com acúmulo de terra e outros detritos trazidos pelas águas. Assim, não há profundidade suficiente no canal para a entrada de navios.
Está sendo importada uma draga do Uruguai para fazer o trabalho de desassoreamento, que deve demorar entre 15 e 30 dias, período em que o complexo pode voltar a receber navios. Nesse período, um berço de atracação que já estava em obras no porto de Itajaí deve estar concluído e a unidade passará a operar com dois locais para embarque e desembarque de mercadorias.
Rogério Marin, presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior de Santa Catarina, disse que não deve haver desabastecimento no Estado, mas aposta no aumento dos custos para importadores e exportadores, o que pode significar aumento de preços para o consumidor em médio prazo.
Segundo ele, cargas que deveriam desembarcar em Itajaí estão sendo transferidas para outros portos, principalmente Santos (SP) e Paranaguá (PR). Parte das exportações está sendo desviada para São Francisco do Sul (SC), a pouco mais de 100 km de Itajaí.
No caso das importações, de acordo com Marin, o aumento do custo ocorre porque a carga precisa ser liberada pela Receita Federal em Santa Catarina, já que o Estado oferece benefícios fiscais. Isso significa aumento no custo de transporte, por exemplo, a partir de Santos.
"Não creio em desabastecimento, mas o custo vai aumentar. E não é só em Santa Catarina, não. O principal destino das mercadorias que entram por aqui não é Santa Catarina. Atinge o centro-sul todo", afirmou o presidente do sindicato.
Já nas exportações, principalmente de carnes -o porto é líder em exportações do produto no país-, a despesa será maior porque outros portos não têm tanta estrutura para o embarque de mercadorias refrigeradas e o preço para o uso dos depósitos deve subir.

US$ 10, 2 bi
O porto de Itajaí movimentou US$ 10,2 bilhões neste ano, entre janeiro e outubro. Cerca de 65% do total é referente a exportações. Como os embarques e desembarques estão sendo feitos em outro local, a cidade perde essa movimentação de dinheiro, os estivadores e despachantes aduaneiros deixam de receber, as empresas de comércio exterior instaladas na cidade vêem seu faturamento despencar e a arrecadação de impostos também cai.
O ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, vai hoje a Itajaí para verificar a situação do porto e anunciar quais obras terão de ser feitas. Ele vai se reunir com o superintendente do porto, Arnaldo Schmitt, prefeito de Itajaí em 84, quando uma enchente destruiu o mesmo berço de agora. Na ocasião, o assoreamento também deixou o porto inoperante por dias.
Para servir de contraponto a Itajaí, o porto de São Francisco do Sul está sendo reformando e já prevê um acréscimo de 50% no movimento em 2009. Um novo berço de atracação estará pronto para operação e outro está sendo reformado para entrar em funcionamento em meados do ano.


Texto Anterior: Cresce número de desabrigados no Espírito Santo e no Rio de Janeiro
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.