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Porto de Itajaí pode ficar um mês parado
Paralisação gera prejuízo diário de US$ 35 milhões à cidade; preço de produtos importados pode aumentar no centro-sul do país
Força das águas do rio Itajaí destruiu o local; cargas estão sendo transferidas para outros portos, principalmente Santos (SP) e Paranaguá (PR)
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A paralisação das atividades
no porto de Itajaí (SC), um dos
maiores do país, gera um prejuízo diário de US$ 35 milhões
(cerca de R$ 81, 2 milhões) para
a economia da cidade, uma das
mais afetadas pelas enchentes,
e pode provocar um aumento
nos preços de produtos importados em todo o centro-sul do
país. Haverá impacto ainda nas
exportações de carne.
O porto, que fica na foz (encontro do rio com o mar) do
Itajaí, está parado desde o dia
21 devido à destruição causada
pela força das águas do rio. E
deve ficar até mais um mês sem
operação. As águas chegaram
ao porto com uma velocidade
de cerca de 24 km/h, sendo que
o normal é 2 km/h.
Um dos três berços de atracação em funcionamento foi totalmente destruído. Em outro,
as águas levaram apenas parte
da estrutura. A primeira estimativa da Prefeitura de Itajaí,
dona do porto, foi que a reconstrução custaria cerca de R$ 320
milhões. O governo federal já
anunciou a liberação de R$ 350
milhões para as obras.
Haveria possibilidade de
operação em um dos berços do
porto e nas outras unidades do
complexo, o porto da vizinha
cidade de Navegantes, que fica
na outra margem do rio, e em
duas áreas de atracação privadas em Itajaí. Tanto que o funcionamento foi normalizado
ontem em todas as áreas administrativas. Porém, o rio está
assoreado, com acúmulo de
terra e outros detritos trazidos
pelas águas. Assim, não há profundidade suficiente no canal
para a entrada de navios.
Está sendo importada uma
draga do Uruguai para fazer o
trabalho de desassoreamento,
que deve demorar entre 15 e 30
dias, período em que o complexo pode voltar a receber navios.
Nesse período, um berço de
atracação que já estava em
obras no porto de Itajaí deve
estar concluído e a unidade
passará a operar com dois locais para embarque e desembarque de mercadorias.
Rogério Marin, presidente
do Sindicato das Empresas de
Comércio Exterior de Santa
Catarina, disse que não deve
haver desabastecimento no Estado, mas aposta no aumento
dos custos para importadores e
exportadores, o que pode significar aumento de preços para o
consumidor em médio prazo.
Segundo ele, cargas que deveriam desembarcar em Itajaí
estão sendo transferidas para
outros portos, principalmente
Santos (SP) e Paranaguá (PR).
Parte das exportações está sendo desviada para São Francisco
do Sul (SC), a pouco mais de
100 km de Itajaí.
No caso das importações, de
acordo com Marin, o aumento
do custo ocorre porque a carga
precisa ser liberada pela Receita Federal em Santa Catarina,
já que o Estado oferece benefícios fiscais. Isso significa aumento no custo de transporte,
por exemplo, a partir de Santos.
"Não creio em desabastecimento, mas o custo vai aumentar. E não é só em Santa Catarina, não. O principal destino das
mercadorias que entram por
aqui não é Santa Catarina.
Atinge o centro-sul todo", afirmou o presidente do sindicato.
Já nas exportações, principalmente de carnes -o porto é
líder em exportações do produto no país-, a despesa será
maior porque outros portos
não têm tanta estrutura para o
embarque de mercadorias refrigeradas e o preço para o uso
dos depósitos deve subir.
US$ 10, 2 bi
O porto de Itajaí movimentou US$ 10,2 bilhões neste ano,
entre janeiro e outubro. Cerca
de 65% do total é referente a
exportações. Como os embarques e desembarques estão
sendo feitos em outro local, a
cidade perde essa movimentação de dinheiro, os estivadores
e despachantes aduaneiros deixam de receber, as empresas de
comércio exterior instaladas na
cidade vêem seu faturamento
despencar e a arrecadação de
impostos também cai.
O ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro
Brito, vai hoje a Itajaí para verificar a situação do porto e
anunciar quais obras terão de
ser feitas. Ele vai se reunir com
o superintendente do porto,
Arnaldo Schmitt, prefeito de
Itajaí em 84, quando uma enchente destruiu o mesmo berço
de agora. Na ocasião, o assoreamento também deixou o porto
inoperante por dias.
Para servir de contraponto a
Itajaí, o porto de São Francisco
do Sul está sendo reformando e
já prevê um acréscimo de 50%
no movimento em 2009. Um
novo berço de atracação estará
pronto para operação e outro
está sendo reformado para entrar em funcionamento em
meados do ano.
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