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Morador é preso ao se negar a deixar área de risco
Metalúrgico chegou a ameaçar equipe de bombeiros com facão em Luiz Alves
Caso ocorreu anteontem, no mesmo dia em que novos desabamentos na região mataram duas crianças e um adulto e feriram 14 pessoas
ALENCAR IZIDORO
ENVIADO A ILHOTA
A equipe de resgate chegou
para socorrer a vizinhança de
deslizamentos iminentes, mas
Adelino Bachmann, 48, disse
que não sairia de lá de jeito nenhum. Tirou um facão e ameaçou os bombeiros que tentavam socorrê-lo numa área de
extremo risco de Luiz Alves,
uma das regiões do Vale do Itajaí mais afetadas pelas chuvas
em Santa Catarina. Foi preso,
tirado à força do local e obrigado a passar a noite na delegacia.
Essa foi a primeira detenção
de moradores depois da ordem
de retirar os resistentes algemados, se necessário.
O caso ocorreu anteontem à
tarde, no mesmo dia em que os
novos desabamentos de terra
na região deixaram ao menos
três mortos (sendo duas crianças, de sete e dez anos) e 14 feridos, incluindo oito homens da
Força Nacional de Segurança.
O filho e a mulher do metalúrgico atenderam aos apelos
da equipe de busca, mas ele dizia não ver perigo. Bachmann
responderá por obstrução ao
serviço policial em resgate. "Se
voltar para lá, será preso de novo", disse o delegado Arlindo
Artner Jr., após liberar a saída
dele para a casa de parentes.
Ontem, em mais um dia de
buscas a moradores em áreas
perigosas e de avaliação de
morros de Ilhota e Luiz Alves
pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), reações como a de Bachmann não eram
isoladas, ainda que sem tanta
agressividade.
À tarde, na delegacia, um homem que se identificou como
Pedro ameaçava retornar a seu
imóvel para protegê-lo da "invasão" de equipes de busca. Dizia ter sumido uma palmeira.
João Pedro Dabsi, 58, que vive na parte baixa do bairro Máximo, foi avisado para sair de
casa, mas decidiu atender à ordem só de noite. "Não posso
abandonar tudo."
Ontem de manhã foram enterrados Eduardo Saplinsky,
10, e Nora Schlickmann, 68,
que morreram após um deslizamento no momento em que
deixavam uma área de risco em
Luiz Alves, escoltados por homens da Força Nacional de Segurança. Luís Felipe Saplinsky,
7, também morreu, mas não tinha ainda sido removido. Outra
criança da mesma família, irmão dos dois mortos, continuava em estado grave em um hospital de Itajaí.
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