São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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JANETE FERREIRA DA COSTA (1932-2008)

A arquiteta e a saída pela arte popular

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quanto custa?", perguntou Janete sobre um pote, a que o vendedor respondeu: "Cinco reais". "Cinco?", indignou-se a compradora.
Pelas regras da boa negociação, o preço caiu: "Não, pra senhora faço por dois".
"Eu não quero pagar cinco nem dois, isto vale 15." Assim a arquiteta Janete da Costa mantinha sua luta pela valorização da arte popular.
"Ela via o artesanato como um caminho pelo qual muita gente poderia sair da miséria", lembra a filha Lúcia.
De Garanhuns (PE), onde nasceu, foi ao Rio estudar. Formou-se em arquitetura aos 27 anos e três filhos para criar. "Ela teve de interromper os estudos várias vezes para cuidar das crianças."
O que, de certo, não atrapalhou sua formação. Trabalhou em cerca de 3.000 projetos de bibliotecas, cinemas, museus, edifícios públicos e hotéis, segundo amigos que acompanharam sua carreira.
Fez também design de interiores, curadorias e restauração de prédios como o teatro de São Luís e o Palácio dos Leões, no Maranhão.
Para os amigos, houve a "escola Janete". "Ela ensinou muito e juntou os amigos em torno do trabalho", conta a filha. Sobre ela, disse o paisagista Roberto Burle Marx: "Vai demorar cem anos para nascer outra Janete".
Ela morreu na sexta, na casa onde morava em Olinda (PE), aos 76, em conseqüência de um câncer no estômago. Deixa quatro filhos, cinco netos e um bisneto.

obituario@grupofolha.com.br



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