|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANETE FERREIRA DA COSTA (1932-2008)
A arquiteta e a saída pela arte popular
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quanto custa?", perguntou Janete sobre um pote, a
que o vendedor respondeu:
"Cinco reais". "Cinco?", indignou-se a compradora.
Pelas regras da boa negociação, o preço caiu: "Não,
pra senhora faço por dois".
"Eu não quero pagar cinco
nem dois, isto vale 15." Assim
a arquiteta Janete da Costa
mantinha sua luta pela valorização da arte popular.
"Ela via o artesanato como
um caminho pelo qual muita
gente poderia sair da miséria", lembra a filha Lúcia.
De Garanhuns (PE), onde
nasceu, foi ao Rio estudar.
Formou-se em arquitetura
aos 27 anos e três filhos para
criar. "Ela teve de interromper os estudos várias vezes
para cuidar das crianças."
O que, de certo, não atrapalhou sua formação. Trabalhou em cerca de 3.000 projetos de bibliotecas, cinemas,
museus, edifícios públicos e
hotéis, segundo amigos que
acompanharam sua carreira.
Fez também design de interiores, curadorias e restauração de prédios como o teatro de São Luís e o Palácio
dos Leões, no Maranhão.
Para os amigos, houve a
"escola Janete". "Ela ensinou
muito e juntou os amigos em
torno do trabalho", conta a
filha. Sobre ela, disse o paisagista Roberto Burle Marx:
"Vai demorar cem anos para
nascer outra Janete".
Ela morreu na sexta, na casa onde morava em Olinda
(PE), aos 76, em conseqüência de um câncer no estômago. Deixa quatro filhos, cinco
netos e um bisneto.
obituario@grupofolha.com.br
Texto Anterior: Prefeitura: Paes escolhe para Fazenda mulher da área financeira Próximo Texto: Mortes Índice
|