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São Paulo sediará conferência mundial sobre urbanismo
Diretor do Urban Age diz que impacto de cidades no planeta é problema a ser compartilhado
Principal evento internacional de urbanismo começa amanhã com cerca de 90 especialistas vindos de 25 cidades de 14 países
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade que não pára fará
uma pequena pausa para olhar
para si mesma. De quarta a sexta-feira, São Paulo sediará o Urban Age -principal conferência internacional de urbanismo
do mundo-, que chega à edição
brasileira após passar por metrópoles como Londres, Nova
York, Mumbai e Joanesburgo.
O evento terá a participação de
cerca de 90 especialistas, entre
urbanistas, sociólogos, políticos e especialistas em segurança e em mobilidade, provenientes de 25 cidades e de 14 países.
Fruto de uma parceria entre
a LSE (London School of Economics) e o Deutsche Bank, a
conferência premiará ainda um
dos 12 projetos finalistas desenvolvidos na capital paulista.
Richard Burdett, diretor do
evento, professor da LSE e fundador do LSE Cities, que pesquisa as ligações entre arquitetura, desenho urbano e sociedade, falou à Folha.
FOLHA - Qual a importância de haver tantos olhares internacionais
voltados para São Paulo?
RICHARD BURDETT - Talvez não
seja o primeiro debate internacional sobre São Paulo, mas o
primeiro interdisciplinar. Uniremos diferentes departamentos, e não só arquitetos falando
com arquitetos. É por isso que
acho que muitos políticos querem vir escutar, e não só falar.
FOLHA - Como as grandes cidades
deixaram de ser um problema municipal para virar questão global?
BURDETT- Há duas questões
que afetam todas as cidades do
mundo: as mudanças climáticas e a desigualdade social. Metade da população do mundo
vive em cidades e uma em três
pessoas que vive em cidades vive em favelas. Se isso continuar, serão bilhões de pessoas
vivendo em condições inaceitáveis. Uma das boas coisas de vir
para a América do Sul é que se
vê um monte de idéias positivas
sobre as cidades. Em Paraisópolis, na Vila Leopoldina e outros lugares em que estive, vi
muito mais idéias positivas, de
como melhorar a cidade de
dentro para fora, do que uma situação de desespero, que é o
que você tem ao andar por
exemplo por Joanesburgo ou
Mumbai -você quer simplesmente recomeçar do zero.
FOLHA - E as mudanças climáticas?
URDETT- As cidades do mundo, juntas, consomem 75% da
energia mundial. Também contribuem com 75% para a poluição e para a emissão de dióxido
de carbono. O que as cidades fazem tem um impacto tremendo no planeta, e é aí que todas
compartilham um mesmo problema. São Paulo, comparada a
outras cidades, já tem muito:
está em um país rico, onde o debate está maduro, com pessoas
sofisticadas no governo.
FOLHA - Moradia é outra questão?
BURDETT - Caracas, Rio e São
Paulo têm muitos problemas
de assentamento informal ou
irregular. A questão é como lidar com isso. O que começa a
acontecer são investimentos
em transformar o que já existe,
tornando aquele lugar mais
digno. Mas isso significa que é
preciso ter um reconhecimento por parte do governo de que
o lugar onde as pessoas moram
é algo importante.
FOLHA - Segurança também é uma
questão política?
BURDETT - Claramente a segurança está ligada à desigualdade social. E isso é de novo uma
escolha política, e não um problema da cidade. Não acho que
o governo municipal consiga
resolver a desigualdade. O federal pode e acho que a forma como se auxilia as pessoas das
classes mais baixas é uma questão ideológica, mas isso leva 30
anos para mudar.
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