São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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MARCELLO DAMY DE SOUZA SANTOS
(1914-2009)


Pioneiro na física, construiu um acelerador de partículas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um fio de cabelo da avó desengordurado com éter, o menino Marcello Damy de Souza Santos criou um higrômetro, que servia para medir a umidade do ar.
Essa primeira experiência com física, que ele vira numa enciclopédia, seria a primeira de muitas. Tempos depois, o curioso rapaz já construía e consertava rádios, como lembrou em entrevista, nos anos 90, à professora da USP Amélia Hamburger, sua ex-aluna.
Damy foi pioneiro nas pesquisas em física em SP. Antes de entrar para o curso da USP, nos anos 30, teve experiências um tanto quanto bélicas.
Durante a Revolução de 32, cuidou da produção de granadas e morteiros. Mais tarde, na época da Segunda Guerra (1939-1945), trabalhou no desenvolvimento de sonares.
Formado em 1936, fez doutorado também pela USP, estudou na Inglaterra e nos EUA e, nos anos 50, foi responsável por montar no Brasil algo bem maior que seus rádios: o bétatron, primeiro acelerador de partículas a funcionar na América Latina.
Na mesma década, Damy também instalou o reator do atual Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), do qual foi fundador.
Além da USP, foi professor da Unicamp e da PUC.
Apaixonado por música, tocava em casa canções barrocas, na flauta doce, acompanhando a mulher, ao piano.
Morreu no domingo, aos 95, de falência de órgãos. Estava internado há um ano devido a um AVC (acidente vascular cerebral).
Deixa viúva, a pintora Lúcia. Não teve filhos.

coluna.obituario@uol.com.br


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