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MARCELLO DAMY DE SOUZA SANTOS
(1914-2009)
Pioneiro na física, construiu um acelerador de partículas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com um fio de cabelo da
avó desengordurado com
éter, o menino Marcello
Damy de Souza Santos criou
um higrômetro, que servia
para medir a umidade do ar.
Essa primeira experiência
com física, que ele vira numa
enciclopédia, seria a primeira
de muitas. Tempos depois, o
curioso rapaz já construía e
consertava rádios, como lembrou em entrevista, nos anos
90, à professora da USP Amélia Hamburger, sua ex-aluna.
Damy foi pioneiro nas pesquisas em física em SP. Antes
de entrar para o curso da USP,
nos anos 30, teve experiências um tanto quanto bélicas.
Durante a Revolução de 32,
cuidou da produção de granadas e morteiros. Mais tarde,
na época da Segunda Guerra
(1939-1945), trabalhou no desenvolvimento de sonares.
Formado em 1936, fez doutorado também pela USP, estudou na Inglaterra e nos
EUA e, nos anos 50, foi responsável por montar no Brasil algo bem maior que seus
rádios: o bétatron, primeiro
acelerador de partículas a
funcionar na América Latina.
Na mesma década, Damy
também instalou o reator do
atual Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), do qual foi fundador.
Além da USP, foi professor
da Unicamp e da PUC.
Apaixonado por música, tocava em casa canções barrocas, na flauta doce, acompanhando a mulher, ao piano.
Morreu no domingo, aos
95, de falência de órgãos. Estava internado há um ano devido a um AVC (acidente vascular cerebral).
Deixa viúva, a
pintora Lúcia. Não teve filhos.
coluna.obituario@uol.com.br
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