São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Rio quer ronda do Exército perto de quartel

Governador Sérgio Cabral defende também que Marinha e Aeronáutica policiem entorno de suas unidades na capital fluminense

Ontem à tarde, em São João de Meriti, foi incendiado o 13º ônibus desde o começo dos ataques, na quarta-feira passada; ninguém se feriu

RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

O novo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), propôs ontem que tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica patrulhem o entorno de seus quartéis.
A medida, diz, dará à população sensação maior de segurança, pois verá ruas e praças vigiadas por militares, e permitirá à polícia priorizar áreas críticas. Ontem à tarde, mais um ônibus foi incendiado, sem feridos.
Cabral, 43, anunciou que já conversou com o comando das três Forças. Afirmou que pretende nesta semana voltar a se reunir com eles para definir de que forma Exército, Marinha e Aeronáutica poderão ajudá-lo a enfrentar a criminalidade. Ele definiu a ação como "um complemento" ao trabalho policial.
"Aeronáutica, Marinha e Exército podem dar colaboração estratégica nas áreas militares. Hoje o policiamento é feito basicamente em defesa do patrimônio das Forças. Pedirei em reunião com os comandantes policiamento pró-ativo", disse ele, para quem "o cidadão deseja isso, caminhar nas ruas com tranqüilidade".
Os comandantes das três Forças no Rio se reúnem hoje para discutir como pôr em prática o pedido de Sérgio Cabral. O Rio é o Estado com mais militares no país. Dos 170 mil profissionais do Exército, 30% (51 mil) vivem no Rio, diz o estudo "Os Militares e o Espaço Urbano do Rio de Janeiro", do professor Nelson da Nóbrega Fernandes, do Departamento de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
O levantamento indica ainda que 70% (31.500) do contingente da Marinha, que é de cerca de 45 mil profissionais, mora no Rio. Do efetivo de 30 mil profissionais da Aeronáutica, 30% (9.000) estão no Estado. Em discursos ontem, Cabral disse que "qualquer ação de bandidos é terrorista". "O conflito, a ousadia, o abuso da bandidagem chegou a níveis absolutamente intoleráveis. Bandido tem de ter medo de polícia. Não se pode admitir que a bandidagem, qualquer grupo de marginais, possa pôr o Rio, seus cidadãos, sob risco."
Ele também disse que, neste mês, PMs de Copacabana e Ilha do Governador que atuarem na folga receberão mais R$ 700, pagos pela prefeitura carioca. O acerto está sendo finalizado. O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, terá reuniões hoje para fechar o plano integrado antiviolência, além do envio ao Rio da Força Nacional de Segurança Pública. "Não adianta botar homens na rua para ficar batendo cabeça. O fundamental é ter planejamento, ação integrada, constante, não só em reação [a ataques pontuais]." "Quanto mais rápido melhor", disse o governador do Rio.
Até o dia 15, o governo federal deve liberar R$ 19 milhões para equipamentos e serviços de inteligência da PF no Rio.

Ônibus incendiado
Em São João de Meriti (Baixada Fluminense), foi queimado, ontem à tarde, o 13º ônibus da onda de atentados. Segundo testemunhas, quatro homens mandaram os passageiros descer. Quatro suspeitos foram presos. Ninguém se feriu.
O fato ocorreu na hora em que o novo comandante-geral da PM tomava posse no quartel-general do órgão, no centro.


Colaboraram MÁRIO HUGO MONKEN , da Sucursal do Rio, e ANDRÉA MICHAEL , da Sucursal de Brasília

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