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Rio quer ronda do Exército perto de quartel
Governador Sérgio Cabral defende também que Marinha e Aeronáutica policiem entorno de suas unidades na capital fluminense
Ontem à tarde, em São João de Meriti, foi incendiado o 13º ônibus desde o começo dos ataques, na quarta-feira passada; ninguém se feriu
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O novo governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral Filho
(PMDB), propôs ontem que
tropas do Exército, da Marinha
e da Aeronáutica patrulhem o
entorno de seus quartéis.
A medida, diz, dará à população sensação maior de segurança, pois verá ruas e praças vigiadas por militares, e permitirá à
polícia priorizar áreas críticas.
Ontem à tarde, mais um ônibus
foi incendiado, sem feridos.
Cabral, 43, anunciou que já
conversou com o comando das
três Forças. Afirmou que pretende nesta semana voltar a se
reunir com eles para definir de
que forma Exército, Marinha e
Aeronáutica poderão ajudá-lo a
enfrentar a criminalidade. Ele
definiu a ação como "um complemento" ao trabalho policial.
"Aeronáutica, Marinha e
Exército podem dar colaboração estratégica nas áreas militares. Hoje o policiamento é
feito basicamente em defesa do
patrimônio das Forças. Pedirei
em reunião com os comandantes policiamento pró-ativo",
disse ele, para quem "o cidadão
deseja isso, caminhar nas ruas
com tranqüilidade".
Os comandantes das três
Forças no Rio se reúnem hoje
para discutir como pôr em prática o pedido de Sérgio Cabral.
O Rio é o Estado com mais
militares no país. Dos 170 mil
profissionais do Exército, 30%
(51 mil) vivem no Rio, diz o estudo "Os Militares e o Espaço
Urbano do Rio de Janeiro", do
professor Nelson da Nóbrega
Fernandes, do Departamento
de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
O levantamento indica ainda
que 70% (31.500) do contingente da Marinha, que é de cerca de 45 mil profissionais, mora
no Rio. Do efetivo de 30 mil
profissionais da Aeronáutica,
30% (9.000) estão no Estado.
Em discursos ontem, Cabral
disse que "qualquer ação de
bandidos é terrorista". "O conflito, a ousadia, o abuso da bandidagem chegou a níveis absolutamente intoleráveis. Bandido tem de ter medo de polícia.
Não se pode admitir que a bandidagem, qualquer grupo de
marginais, possa pôr o Rio, seus
cidadãos, sob risco."
Ele também disse que, neste
mês, PMs de Copacabana e Ilha
do Governador que atuarem na
folga receberão mais R$ 700,
pagos pela prefeitura carioca. O
acerto está sendo finalizado.
O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, terá reuniões hoje
para fechar o plano integrado
antiviolência, além do envio ao
Rio da Força Nacional de Segurança Pública. "Não adianta botar homens na rua para ficar
batendo cabeça. O fundamental é ter planejamento, ação integrada, constante, não só em
reação [a ataques pontuais]."
"Quanto mais rápido melhor",
disse o governador do Rio.
Até o dia 15, o governo federal
deve liberar R$ 19 milhões para
equipamentos e serviços de inteligência da PF no Rio.
Ônibus incendiado
Em São João de Meriti (Baixada Fluminense), foi queimado, ontem à tarde, o 13º ônibus
da onda de atentados. Segundo
testemunhas, quatro homens
mandaram os passageiros descer. Quatro suspeitos foram
presos. Ninguém se feriu.
O fato ocorreu na hora em
que o novo comandante-geral
da PM tomava posse no quartel-general do órgão, no centro.
Colaboraram MÁRIO HUGO MONKEN , da Sucursal do Rio, e ANDRÉA MICHAEL , da Sucursal
de Brasília
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