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Serra desconfia de "fantasmas" em SP
Governador suspeita da existência de servidores do Estado que ganham sem trabalhar e desagrada aliados de Alckmin
Tucano determinou o recadastramento geral de todos os funcionários. Medida será publicada hoje no ""Diário Oficial" de SP
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), afirmou ontem "desconfiar" da
existência de funcionários
""fantasmas", que ganham sem
trabalhar, na folha de pagamento do Estado, que é comandado desde 1995 pelos tucanos.
Por iniciativa de Serra, será
publicado hoje no ""Diário Oficial" do Estado o decreto que
torna obrigatório o recadastramento de todos os servidores.
"Desconfia-se de que haja pagamentos indevidos, gratificações indevidas, e mesmo funcionários que não existem",
disse o tucano em sua primeira
entrevista no cargo à TV Globo.
A iniciativa desagradou o
grupo ligado ao ex-governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
entende que a medida coloca
em suspeição a administração
tucana anterior.
Alckmin negou ontem a existência de "fantasmas" na máquina do governo, mas não polemizou: disse que o recadastramento anunciado por Serra
faz parte da "boa gestão".
"Funcionário "fantasma" não
existe. Agora, o recadastramento é necessário, eu acho que é
importante. O recadastramento é você checar todos os pagamentos, incorporações. É uma
medida de boa gestão", disse.
Por experiência, declarou
Serra, o recadastramento irá
revelar a existência de "muitos
pagamentos que não deveriam
ser feitos, que vêm de muitos
anos, o que é uma coisa tradicional na administração".
Os detalhes da medida, que
deverá atingir também as autarquias estaduais, serão especificados no decreto.
Além dessa medida, hoje serão publicados os demais itens
do pacote anunciado por Serra,
anteontem, no dia da posse.
Uma das medidas, não menos constrangedora para a gestão anterior, é o levantamento e
a revisão de todos os contratos
fechados pelo Estado. "Não há
uma suspeita específica [de irregularidade]", explicou Serra.
O objetivo de tentar reduzir os
valores contratuais, disse, é governar com austeridade.
Segundo o tucano, os pagamentos em andamento não serão suspensos.
Nacional
As críticas a temas nacionais
que dominaram o discurso de
posse, como baixo desenvolvimento econômico e falta de ética no poder, foram retomadas
ontem durante a entrevista.
Serra disse que os governos
não devem lotear os cargos entre partidos, mas escolher pessoas com condições técnicas.
"Temos que eliminar a diferença que existe entre o que os políticos dizem e o que fazem."
Chamado a apresentar uma
sugestão para a situação da política econômica, classificada
por ele de "pasmaceira" no dia
da posse, o governador afirmou
que a saída mais indicada é mudar a prática de juros e a taxa de
câmbios e criar um clima mais
favorável ao investimento no
Brasil. "Isso significa emprego,
que é o que o Brasil e São Paulo
mais precisam", disse.
Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, são os nomes
cotados pelo PSDB para disputar a Presidência em 2010.
Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha
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