São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Serra desconfia de "fantasmas" em SP

Governador suspeita da existência de servidores do Estado que ganham sem trabalhar e desagrada aliados de Alckmin

Tucano determinou o recadastramento geral de todos os funcionários. Medida será publicada hoje no ""Diário Oficial" de SP

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou ontem "desconfiar" da existência de funcionários ""fantasmas", que ganham sem trabalhar, na folha de pagamento do Estado, que é comandado desde 1995 pelos tucanos.
Por iniciativa de Serra, será publicado hoje no ""Diário Oficial" do Estado o decreto que torna obrigatório o recadastramento de todos os servidores.
"Desconfia-se de que haja pagamentos indevidos, gratificações indevidas, e mesmo funcionários que não existem", disse o tucano em sua primeira entrevista no cargo à TV Globo.
A iniciativa desagradou o grupo ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que entende que a medida coloca em suspeição a administração tucana anterior.
Alckmin negou ontem a existência de "fantasmas" na máquina do governo, mas não polemizou: disse que o recadastramento anunciado por Serra faz parte da "boa gestão".
"Funcionário "fantasma" não existe. Agora, o recadastramento é necessário, eu acho que é importante. O recadastramento é você checar todos os pagamentos, incorporações. É uma medida de boa gestão", disse.
Por experiência, declarou Serra, o recadastramento irá revelar a existência de "muitos pagamentos que não deveriam ser feitos, que vêm de muitos anos, o que é uma coisa tradicional na administração".
Os detalhes da medida, que deverá atingir também as autarquias estaduais, serão especificados no decreto.
Além dessa medida, hoje serão publicados os demais itens do pacote anunciado por Serra, anteontem, no dia da posse.
Uma das medidas, não menos constrangedora para a gestão anterior, é o levantamento e a revisão de todos os contratos fechados pelo Estado. "Não há uma suspeita específica [de irregularidade]", explicou Serra. O objetivo de tentar reduzir os valores contratuais, disse, é governar com austeridade.
Segundo o tucano, os pagamentos em andamento não serão suspensos.

Nacional
As críticas a temas nacionais que dominaram o discurso de posse, como baixo desenvolvimento econômico e falta de ética no poder, foram retomadas ontem durante a entrevista.
Serra disse que os governos não devem lotear os cargos entre partidos, mas escolher pessoas com condições técnicas. "Temos que eliminar a diferença que existe entre o que os políticos dizem e o que fazem."
Chamado a apresentar uma sugestão para a situação da política econômica, classificada por ele de "pasmaceira" no dia da posse, o governador afirmou que a saída mais indicada é mudar a prática de juros e a taxa de câmbios e criar um clima mais favorável ao investimento no Brasil. "Isso significa emprego, que é o que o Brasil e São Paulo mais precisam", disse.
Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, são os nomes cotados pelo PSDB para disputar a Presidência em 2010.


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha


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