São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Explosão em quartel da PM mata sargento

Destruição provocou pânico na vizinhança, e quatro pistas da marginal Tietê, atingidas por destroços, foram interditadas

Estilhaços deixaram feridos 4 soldados que trabalhavam no quartel e 5 pessoas que estavam próximas ao local, na zona norte de São Paulo

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Destroços de parte do quartel do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) da PM, zona norte de São Paulo, onde ocorreram as explosões; um sargento morreu e nove pessoas ficaram feridas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de três explosões acidentais dentro do quartel do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) da Polícia Militar, na zona norte de São Paulo, matou um sargento e feriu quatro PMs do batalhão, além de cinco pessoas que estavam nas proximidades. As causas do acidente ainda serão investigadas.
Um dos feridos era funcionário da Fundação Casa (antiga Febem) da Vila Maria, vizinha ao local do incidente.
Houve pânico na vizinhança. Moradores pensaram que se tratava de um ataque criminoso ao quartel. Destroços foram lançados a cerca de 50 metros e chegaram até a marginal Tietê, que teve quatro pistas do sentido Castelo Branco (SP-280) interditadas das 9h às 13h.
O local foi isolado e periciado. Havia cerca de 400 toneladas de destroços, segundo a Subprefeitura da Vila Maria, que fez a limpeza do local.
O depósito ficou todo destruído. As explosões danificaram também as instalações do Corpo de Bombeiros, que funciona no mesmo terreno, e 16 veículos da Polícia Militar.
As duas primeiras explosões ocorreram dentro de um galpão, com cerca de 15 m2, onde são depositados artefatos com potencial explosivo apreendidos pela Polícia Militar.
Também estavam armazenados no depósito materiais usados em operações do esquadrão antibombas para implodir esses artefatos, como emulsões explosivas, espoletas e cordéis detonadores.
Além do depósito, também explodiu um microônibus que estava estacionado ao lado. O veículo, mantido preparado pelo Gate para saídas de emergência, estava carregado de munições e bombas.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, que trabalhou no Gate e no Corpo de Bombeiros, avaliou que a explosão foi potencializada devido às condições do local, com poucas saídas de ar. ""Era um ambiente muito fechado, confinado", declarou.
Para a PM, o mais provável é que a primeira detonação tenha acontecido quando o sargento José Alberto Mini, 36, morto no acidente, realizava perícia em algum artefato.
Mini era casado com uma policial feminina de Piracicaba (interior de São Paulo) e tinha três filhos, de quatro a 16 anos. Ele ingressara na Polícia Militar em 1990 e havia nove anos atuava como perito do Gate.
Segundo o coronel Joviano Conceição Lima, comandante do policiamento de choque, a equipe do sargento havia sido designada para apressar a perícia em três artefatos apreendidos desde o Natal na cidade.
O último deles, um cilindro cheio de pólvora, foi encontrado às 11h30 de anteontem sob o banco de um vagão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). ""Não sei se era nesse último [em que o sargento fazia a perícia]", disse.
Foram abertos um Inquérito Policial Militar e uma sindicância interna para apurar as causas do acidente. A Polícia Civil enviou equipe ao local.
O coronel praticamente descartou que a série de explosões tenha começado nos materiais usados em operações do Gate. ""Tudo que estava lá estava separado, muito arrumadinho. Nada que pudesse se juntar e causar a explosão."
O coronel afirmou que, após a perícia, seriam analisadas as condições de o local continuar sendo utilizado para perícias em bombas. Há risco para pedestres e motoristas que trafegam pelas proximidades. ""Se houver necessidade de mudar de local, iremos para outro."
A Folha procurou o Comando Militar do Sudeste do Exército, para saber se o local tinha condições de armazenar bombas, mas não obteve resposta. (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, AFRA BALAZINA E FELIPE BACHÄTOLD, colaboração para a Folha)


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