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Incêndio mata 8 presos; carcereiro saíra com a chave
Policiais tiveram de abrir buraco na parede; presos estavam amontoados no banheiro
Polícia do governo Aécio Neves (PSDB) não explicou onde estava o carcereiro
no momento do fogo nem divulgou seu nome
Roberto Nascimento/"Páginas"
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Incêndio na cadeia de Rio Piracicaba, em Minas Gerais, antes da retirada dos oito detentos mortos; outros dois passaram mal |
TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
RONILDO DE JESUS
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Oito presos morreram intoxicados pela fumaça de um incêndio na cadeia pública de Rio
Piracicaba (131 km de Belo Horizonte) anteontem à noite.
Outros dois, que ajudaram na
retirada dos corpos, também se
sentiram mal, mas foram levados para um hospital, onde foram medicados, e estão bem.
O carcereiro -único do plantão que tinha a chave das celas- não estava na delegacia
quando o fogo começou, o que
dificultou o resgate dos presos.
Apenas um policial militar estava no local no momento.
O incêndio iniciou pouco depois das 20h de terça-feira, na
cela número 1 da cadeia, e foi
combatido 30 minutos depois,
por um caminhão-pipa da prefeitura. A cidade, de pouco mais
de 14 mil habitantes, não tem
Corpo de Bombeiros.
A Polícia Civil, que se pronunciou por meio de sua assessoria de imprensa, disse que as
causas só serão determinadas
após a perícia, mas uma das
suspeitas é de que tenha sido
causado pelos próprios presos.
Não foi informado o nome do
carcereiro nem onde ele estava.
Segundo a polícia, os oito detentos-que estavam na mesma
cela- tinham sido advertidos,
30 minutos antes, a apagar um
pequeno foco de incêndio que
haviam provocado.
A Polícia Militar afirmou, em
uma nota, pela manhã, que o fogo foi provocado por um curto-circuito em uma extensão puxada pelos presos para pendurar lâmpadas nas grades das camas, acima dos colchões.
O fato não foi confirmado pela Polícia Civil à tarde, que afirmou apenas trabalhar também
com a hipótese de um curto-circuito, sem especificar onde.
No momento em que as chamas começaram, um policial
militar -que não tinha a chave
das celas- fazia a guarda da cadeia. Um carcereiro, que estava
de plantão e tinha a chave, não
estava na delegacia no momento, segundo a Polícia Civil.
Impossível abrir
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o carcereiro retornou
para a delegacia minutos depois, mas como o fogo se espalhou rapidamente pelos colchões de espuma e o calor era
forte, foi impossível abrir a cela.
Para se proteger das chamas,
os presos se abrigaram no banheiro, de onde jogavam água
na tentativa de apagar o fogo.
O resgate foi feito por alguns
policiais, que abriram um buraco na parede da cela, pelo lado
de fora da delegacia, do quintal
de uma casa vizinha. Quando
eles conseguiram entrar, os
presos foram encontrados
amontoados no banheiro.
Os corpos foram levados para
o Instituto Médico Legal de Belo Horizonte, que informou, em
uma primeira análise, que a
morte ocorreu por asfixia e que
detectou algumas queimaduras
de segundo grau nas mãos e pés
dos presos. O laudo final deve
ser liberado em até 15 dias.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, o governador Aécio
Neves (PSDB) disse que o caso
será investigado.
Capacidade
A cadeia abrigava 22 presos,
mas tinha capacidade para 18. A
cela dos oito presos media
21,93 m2 - 2,74 m2 por preso-
e poderia abrigar seis internos,
segundo a polícia. Dos mortos,
cinco eram condenados e deveriam estar em penitenciárias.
Os 14 detentos sobreviventes
estavam em outras três celas,
que não foram atingidas. Dois
deles, que ajudaram no resgate,
foram internados com intoxicação e levados para um hospital local. Após serem medicados, foram liberados.
Sete presos foram transferidos para cadeia do município
vizinho, João Monlevade (129
km de Belo Horizonte). Os outros foram levados para um albergue anexo à cadeia de Rio
Piracicaba.
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