|
Próximo Texto | Índice
Polícia investiga morte de alemão em Paraty
Principal suspeita é que empresário, que nadava na praia do saco de Mamanguá, tenha sido atropelado por embarcação
Christian Martin Wölffer morreu após sofrer dois cortes profundos nas costas; ele chegou a pedir socorro, mas morreu no hospital
André Coelho - 23.nov.2007/ Agência O Globo
|
|
Saco de Mamanguá, em Paraty, litoral sul do Rio, onde Wölffer nadava na hora do acidente
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
DENISE MENCHEN
ENVIADA ESPECIAL A PARATY
A Polícia do Rio investiga a
morte de um empresário alemão -possivelmente atropelado por um barco ou bote- na
véspera do Réveillon nas águas
de uma das praias mais exclusivas do litoral sul do Estado.
O empresário alemão Christian Martin Wölffer, 70, -que
tinha uma vinícola nos EUA,
onde morava, e fez fortuna com
fundos de investimentos de risco- morreu na tarde de 31 de
dezembro após sofrer dois cortes profundos nas costas quando nadava no saco do Mamanguá, em Paraty (254 km do Rio).
Segundo o delegado Alessandro Petralanda, dados preliminares indicam que Wölffer foi
atropelado por um barco de pequeno porte. Caso isso se confirme, o responsável será indiciado por homicídio culposo
(sem intenção) e omissão de
socorro, com pena de três a seis
anos de prisão.
O empresário alemão estava
hospedado na residência do casal Luiz Osvaldo Pastore e Carol Overmeer. Pastore é empresário do setor de metais e ex-suplente de senador pelo
PMDB-ES (eleito com Gerson
Camata no período entre 1995-2003), conhecido por colecionar obras de arte e realizar festas que reúnem celebridades.
Para o Réveillon, o casal também tinha como convidados os
atores Rodrigo Hilbert e Fernanda Lima, que ajudaram no
socorro a Wölffer. Segundo
Overmeer, no início da tarde do
dia 31, o empresário alemão
saiu para nadar na praia em
frente à casa, no saco de Mamanguá, única formação geográfica do litoral brasileiro que
se assemelha a um fiorde (estreito entre montanhas altas).
O saco de Mamanguá é um
braço-de-mar que avança 9 km
pelo continente, com largura
máxima de 1,5 km, cercado por
montanhas altas (o pico do Cairuçu tem 1.070 m) e protegido
das ondas e dos ventos.
Socorro
"Ele era amigo íntimo da família. Aconteceu na frente de
casa e uma lancha passou por
cima dele. Ele chegou a pedir
socorro, foi levado de barco para a cidade, mas morreu na
Santa Casa da Misericórdia",
disse. Segundo Overmeer, ele
estava sozinho no mar quando
pediu ajuda. "Não vi o acidente,
mas, pelos ferimentos, foi uma
embarcação porque ele foi cortado pela hélice", afirmou.
De acordo com a polícia, o
empresário foi levado para o
hospital de barco por José Kalil
Filho, que socorreu o empresário. A mulher dele, a médica Renata Bittencourt Pataleo, registrou a ocorrência e pediu uma
ambulância. O local do acidente é de difícil acesso. Segundo a
polícia ele só poderia ser resgatado de helicóptero ou barco.
Segundo o delegado Petralanda, o inquérito será concluído em 30 dias. "Já sabemos que
ele foi atropelado por uma embarcação de pequeno porte."
Já o comandante da Capitania dos Portos, Rildo Romão
Soares, afirmou que já foi aberto inquérito para investigar o
acidente e disse que ainda é cedo para dizer se o empresário
foi atingido por um bote. O comandante afirmou que acidentes com hélice de embarcações
maiores costumam deixar o
corpo da vítima dilacerado.
Segundo Soares, a capitania
tem feito inspeções navais próximas às praias para coibir o
uso de barcos motorizados na
faixa de 200 m, exclusiva para
banhistas. Em 31 de dezembro,
a Marinha fez esse tipo de inspeção e chegou a fotografar e
notificar infratores. Segundo
Soares, não foram registrados
casos de pessoas embriagadas
dirigindo embarcações.
Cortes de 15 cm
O corpo do empresário foi levado do IML de Angra para o
Labtemforj, no Rio, um laboratório onde está sendo realizado
o embalsamamento. De acordo
com o laboratório, a causa da
morte foi anemia aguda por hemorragia interna. Ele sofreu
dois cortes profundos de 15 cm
a 20 cm de comprimento nas
costas, na altura das costelas.
De acordo com Overmeer,
uma das filhas de Wölffer chegaria ontem ao país para recuperar o corpo do pai. Ele entrou
no Brasil com passaporte americano e o consulado dos EUA
disse estar auxiliando a família.
Nascido em Hamburgo, na
Alemanha, Wölffer vivia na região de Hamptons, balneário
luxuoso próximo a Nova York.
Em 1978, ele comprou o terreno de uma plantação de batatas
e criou a vinícola Wölffer Estate. Além da vinícola, ele era dono do Wölffer Estate Stables,
um centro equestre com capacidade para até 100 cavalos. Ele
acumulou um patrimônio de
US$ 15 milhões nos Estados
Unidos com empresas de capital de risco e imóveis.
Próximo Texto: Nada mais poderia ser feito, dizem Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert Índice
|