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Casal morre abraçado em pousada de Ilha Grande
Do grupo de seis pessoas que viajavam juntas, apenas duas sobreviveram
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
O casal Ilza Maria Roland,
50, e Renato de Assis Repetto,
63, morreu abraçado quando a
avalanche de barro e pedras
varreu o bangalô onde passavam o Ano Novo na enseada do
Bananal, na Ilha Grande.
O abraço no último momento foi relatado pelos bombeiros
ao empresário Fernando Passarelli, 46, ex-marido de Ilza,
que ajudou a reconhecer seu
corpo na noite de sexta-feira,
na sede do IML (Instituto Médico Legal) do Rio.
O casal viajou com o irmão de
Renato, Marcelo Repetto Filho,
com a cunhada, a jornalista
Claudia Ribaski Repetto, 42; e
as filhas de Marcelo e Cláudia
-Gabriela Ribaski Repetto, 9, e
Geovanna Ribaski Repetto, 12,
que morreram.
Marcelo e Cláudia, que sobreviveram, estão internados
em hospitais do Rio e só ontem
souberam da morte das filhas.
Segundo Franck Roland, irmão
de Ilza, o casal escutou as meninas pedirem socorro. "Depois,
os gritos pararam."
Ilza, engenheira civil, deixou
dois filhos, ambos com o primeiro marido. Fernanda Passarelli, 25, e Daniel Passarelli,
18, haviam ficado em Juiz de
Fora (MG), onde Ilza morava
com o empresário Renato.
Filha dos donos da pousada
Sankay, Yumi Faraci Iamanishi, 18, foi reconhecida na manhã de ontem pelo tio Antonio
Faraci. Segundo ele, a sobrinha
era uma das dez pessoas que estavam em uma casa atrás da
pousada quando houve o deslizamento -sete sobreviveram,
inclusive os pais dela, Geraldo
Flávio e Sônia.
Yumi, sua colega do curso de
arquitetura da UFMG, Isabela
Godinho da Rocha, 20, e o namorado de Isabela, Paulo Henrique Barbosa Sarmento, 27,
não conseguiram fugir. Segundo Antonio, Yumi será cremada
em Belo Horizonte.
Amigo de infância das vítimas Márcio Luiz e Cecília Baccin e de diversos desaparecidos,
Pablo Piacentini, 29, pode ter
escapado graças a compromissos profissionais. Natural de
Arujá, ele desistiu de viajar na
última hora. "Ele está vivo, mas
ficamos tristes pelos amigos
que vimos crescer", lamentou
sua mãe, Janete Piacentini.
A falta de informações contrariou parentes na madrugada
e na manhã de ontem. Anderson Baccin, 24, irmão de Márcio Luiz, reclamava de funcionários do IML pedirem documentos originais, quando chegou lá, às 2h. "Como poderia, se
os documentos estavam com
ele?".
Mais tarde, o diretor do IML,
Frank Perlini, esclareceu que
serviam documentos em geral
com impressões digitais, o que
agilizou a liberação.
Até por volta de meio-dia, parentes de Ricardo Ferreira da
Silva, outra vítima de Arujá,
achavam que precisariam esperar mais um dia para liberar seu
corpo, pois os cartórios estavam para fechar. Somente então, foram informados de que
poderia fazer o atestado de óbito no plantão do Tribunal de
Justiça.
(JP)
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