São Paulo, domingo, 03 de janeiro de 2010

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Casal morre abraçado em pousada de Ilha Grande

Do grupo de seis pessoas que viajavam juntas, apenas duas sobreviveram

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O casal Ilza Maria Roland, 50, e Renato de Assis Repetto, 63, morreu abraçado quando a avalanche de barro e pedras varreu o bangalô onde passavam o Ano Novo na enseada do Bananal, na Ilha Grande.
O abraço no último momento foi relatado pelos bombeiros ao empresário Fernando Passarelli, 46, ex-marido de Ilza, que ajudou a reconhecer seu corpo na noite de sexta-feira, na sede do IML (Instituto Médico Legal) do Rio.
O casal viajou com o irmão de Renato, Marcelo Repetto Filho, com a cunhada, a jornalista Claudia Ribaski Repetto, 42; e as filhas de Marcelo e Cláudia -Gabriela Ribaski Repetto, 9, e Geovanna Ribaski Repetto, 12, que morreram.
Marcelo e Cláudia, que sobreviveram, estão internados em hospitais do Rio e só ontem souberam da morte das filhas. Segundo Franck Roland, irmão de Ilza, o casal escutou as meninas pedirem socorro. "Depois, os gritos pararam."
Ilza, engenheira civil, deixou dois filhos, ambos com o primeiro marido. Fernanda Passarelli, 25, e Daniel Passarelli, 18, haviam ficado em Juiz de Fora (MG), onde Ilza morava com o empresário Renato.
Filha dos donos da pousada Sankay, Yumi Faraci Iamanishi, 18, foi reconhecida na manhã de ontem pelo tio Antonio Faraci. Segundo ele, a sobrinha era uma das dez pessoas que estavam em uma casa atrás da pousada quando houve o deslizamento -sete sobreviveram, inclusive os pais dela, Geraldo Flávio e Sônia.
Yumi, sua colega do curso de arquitetura da UFMG, Isabela Godinho da Rocha, 20, e o namorado de Isabela, Paulo Henrique Barbosa Sarmento, 27, não conseguiram fugir. Segundo Antonio, Yumi será cremada em Belo Horizonte.
Amigo de infância das vítimas Márcio Luiz e Cecília Baccin e de diversos desaparecidos, Pablo Piacentini, 29, pode ter escapado graças a compromissos profissionais. Natural de Arujá, ele desistiu de viajar na última hora. "Ele está vivo, mas ficamos tristes pelos amigos que vimos crescer", lamentou sua mãe, Janete Piacentini.
A falta de informações contrariou parentes na madrugada e na manhã de ontem. Anderson Baccin, 24, irmão de Márcio Luiz, reclamava de funcionários do IML pedirem documentos originais, quando chegou lá, às 2h. "Como poderia, se os documentos estavam com ele?".
Mais tarde, o diretor do IML, Frank Perlini, esclareceu que serviam documentos em geral com impressões digitais, o que agilizou a liberação.
Até por volta de meio-dia, parentes de Ricardo Ferreira da Silva, outra vítima de Arujá, achavam que precisariam esperar mais um dia para liberar seu corpo, pois os cartórios estavam para fechar. Somente então, foram informados de que poderia fazer o atestado de óbito no plantão do Tribunal de Justiça. (JP)


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