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Novo tipo de ecstasy cresce no país
Apreensões de comprimidos com princípio ativo diferente ampliam a lista de substâncias proibidas
Para tentar fugir da legislação, traficantes passaram a produzir nova droga com elementos que causam efeitos parecidos com os da original
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil assistiu no ano passado a um aumento significativo na apreensão de novos tipos
de ecstasy, cujo risco é pouco
conhecido, pois usam princípio
ativo diferente. A mudança na
fórmula da droga tem como objetivo fugir da lista de substâncias proibidas das vigilâncias
sanitárias de todo o mundo.
Desde novembro de 2008,
três substâncias entraram na
lista da Anvisa após serem detectadas por peritos do Instituto Nacional de Criminalística
da Polícia Federal, em Brasília.
Os tradicionais princípios
ativos usados no ecstasy são o
MDMA e o MDA, proibidos
desde a década de 1980 no Brasil e no mundo. Essas substâncias estimulam a produção de
neurotransmissores, aumentando a sensação de euforia.
Para fugir da legislação sanitária, traficantes europeus passaram a produzir comprimidos
com substâncias que causam
efeitos semelhantes aos das
originais e que não estivessem
na lista de produtos proibidos.
As primeiras apreensões que
mostravam a mudança ocorreram no final da década de 1990
na Europa e nos EUA. Mas o fenômeno tornou-se significativo a partir de 2004.
As drogas que passaram a
substituir as substâncias proibidas são o mCPP, BZP e TFMPP.
Suspeita-se que as primeiras alterações tenham ocorrido na
Nova Zelândia. "Lá era um problema muito sério. Na internet
havia listas dizendo que eram
drogas lícitas", diz o perito
Adriano Maldaner, do instituto.
No Brasil, a primeira apreensão foi em 2006: um comprimido em MS. Dois anos depois, o
ecstasy "genérico" apareceu
em sete Estados. No ano passado, foram apreendidos até maio
14.127 comprimidos do tipo, o
que representa 28% do total.
Após o aumento das apreensões, a PF pediu à Anvisa a ampliação da lista de substâncias
vetadas. O mCPP foi proibido
em novembro de 2008; o BZP e
o TFMPP, em fevereiro de 2009.
A prisão de traficantes antes
da proibição era difícil. "[O suspeito] Não poderia ser preso
porque não estava na lista da
Anvisa. Mas, dependendo da situação, poderia ser enquadrado
por questão de saúde pública.
Mas dependeria muito da circunstância de como aconteceu
[o flagrante]", disse o chefe de
investigação de produtos controlados da PF, Rodrigo Avelar.
Os efeitos das novas substâncias ainda são desconhecidos. O
mCPP, o substitutivo mais usado atualmente, faz parte de um
conhecido antidepressivo
-não está na composição, mas
é produzido após sua ingestão.
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