São Paulo, domingo, 03 de janeiro de 2010

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Novo tipo de ecstasy cresce no país

Apreensões de comprimidos com princípio ativo diferente ampliam a lista de substâncias proibidas

Para tentar fugir da legislação, traficantes passaram a produzir nova droga com elementos que causam efeitos parecidos com os da original

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil assistiu no ano passado a um aumento significativo na apreensão de novos tipos de ecstasy, cujo risco é pouco conhecido, pois usam princípio ativo diferente. A mudança na fórmula da droga tem como objetivo fugir da lista de substâncias proibidas das vigilâncias sanitárias de todo o mundo.
Desde novembro de 2008, três substâncias entraram na lista da Anvisa após serem detectadas por peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília.
Os tradicionais princípios ativos usados no ecstasy são o MDMA e o MDA, proibidos desde a década de 1980 no Brasil e no mundo. Essas substâncias estimulam a produção de neurotransmissores, aumentando a sensação de euforia.
Para fugir da legislação sanitária, traficantes europeus passaram a produzir comprimidos com substâncias que causam efeitos semelhantes aos das originais e que não estivessem na lista de produtos proibidos.
As primeiras apreensões que mostravam a mudança ocorreram no final da década de 1990 na Europa e nos EUA. Mas o fenômeno tornou-se significativo a partir de 2004.
As drogas que passaram a substituir as substâncias proibidas são o mCPP, BZP e TFMPP. Suspeita-se que as primeiras alterações tenham ocorrido na Nova Zelândia. "Lá era um problema muito sério. Na internet havia listas dizendo que eram drogas lícitas", diz o perito Adriano Maldaner, do instituto.
No Brasil, a primeira apreensão foi em 2006: um comprimido em MS. Dois anos depois, o ecstasy "genérico" apareceu em sete Estados. No ano passado, foram apreendidos até maio 14.127 comprimidos do tipo, o que representa 28% do total.
Após o aumento das apreensões, a PF pediu à Anvisa a ampliação da lista de substâncias vetadas. O mCPP foi proibido em novembro de 2008; o BZP e o TFMPP, em fevereiro de 2009.
A prisão de traficantes antes da proibição era difícil. "[O suspeito] Não poderia ser preso porque não estava na lista da Anvisa. Mas, dependendo da situação, poderia ser enquadrado por questão de saúde pública. Mas dependeria muito da circunstância de como aconteceu [o flagrante]", disse o chefe de investigação de produtos controlados da PF, Rodrigo Avelar.
Os efeitos das novas substâncias ainda são desconhecidos. O mCPP, o substitutivo mais usado atualmente, faz parte de um conhecido antidepressivo -não está na composição, mas é produzido após sua ingestão.


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