São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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BARBARA GANCIA

Na era digital, ainda há quem queime o filme

Quem conhece bem a mecânica saberá apreciar a comparação: a Harley-Davidson está para a motocicleta assim como o Big Mac está para a alta gastronomia.
Ela foi imortalizada como símbolo de liberdade no filme "Sem Destino", mas, na cultura popular norte-americana, a Harley também representa a intolerância dos "red necks" por ser o instrumento de transporte preferido dos Hell"s Angels, gangue que, desde seu surgimento em 1948, na Califórnia, é sistematicamente acusada de prostituição, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e, mais recentemente, da popularização da metanfetamina.
Agora, a moto virou emblema de coisa nossa. Tornou-se símbolo da banana que José Dirceu está dando à opinião pública.
No início do ano, o deputado cassado adquiriu uma moto Harley-Davidson V-Road, avaliada em R$ 90 mil, e desde então está rodando por aí tal e qual um jovem Che Guevara. Com seus direitos políticos cassados até 2012, Dirceu considera não ter mais nada a perder. Faz todo o sentido do mundo. Nós que nos lixemos.

 

Outro que ainda tem muito a perder, mas que teima em nos relevar as entranhas de sua índole por meio dos hobbies que escolhe ser visto praticando, é o publicitário Duda Mendonça. Das rinhas de galo, ele passou aos rodeios. No fim de semana passado, foi visto na companhia do filho em uma vaquejada no interior da Bahia. Quando chegar o verão no hemisfério Norte, quem sabe Duda não resolva ir fazer turismo no Círculo Polar Ártico, onde poderá se deleitar com focas recém-nascidas sendo mortas a marteladas?
 

Hoje, ninguém mais queima o filme. Hoje, todo mundo deleta. Constatei que essa árida realidade vai além do jogo de palavras ao comprar minha primeira câmera digital. Depois de muita resistência, comecei a fotografar com uma Cybershot e já posso dar meu humilde veredicto: fotografar perdeu a graça.
O instantâneo não tem como sobreviver à tirania da edição imediata. Com a digital, você é quase que compelido a deletar o "snapshot" a fim de economizar memória. E toda aquela expectativa pelos resultados do filme enviado ao laboratório para revelação, você agora digere sem a menor cerimônia.
Vai-se clicando e deletando como se não existisse nenhuma consideração pela imagem que acabou de ser gravada. Um pouco como no mundo atual, tudo tem o mesmo efeito, tudo vira a mesma coisa. Que tédio!

QUALQUER NOTA

Haja Dramin!
Os filmes da Sessão Cyber (canais Telecine), agora trazem legendas na linguagem que a molecada usa para falar na internet. Algumas expressões são incompreensíveis para os mais velhos: "acho" vira "axo", "chega" é "xega", "hoje" é abreviado para "hj" e "esquecerei" é "skecerei". Não é preciso ser o Aldo Rebelo para constatar que a Net está prestando uma valiosa contribuição ao aprimoramento da gramática, não é mesmo?

Separadas ao nascer
Confira nas colunas sociais: a beldade Cecília Neves poderia ser gêmea da "desperate housewife" Teri Hatcher.

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