São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008

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Camisa aposta em fantasias para animar sambódromo

Alegorias e carros inusitados chamaram a atenção da platéia; escola foi a 1ª a desfilar

Na Mancha Verde, Ariano Suassuna entrou no Anhembi acompanhado de Aldo Rebelo e do presidente da Câmara de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

A Mancha Verde levou na noite de ontem políticos e encenações teatrais ao Sambódromo de São Paulo para fazer uma homenagem ao escritor Ariano Suassuna.
Ao lado de representações de peças do dramaturgo paraibano, como "Auto da Compadecida", Suassuna, 80, entrou no Anhembi acompanhado do deputado federal, Aldo Rebelo (PC do B), e do presidente da Câmara de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues (PR).
Além do enredo "cultural", a Mancha se destacava no começo do desfile com seu abre-alas com bonecos gigantes do símbolo da escola com chapéu de cangaceiro. A rainha da bateria, Viviane Araújo, ex-namorada do cantor Belo, despertava a atenção dos fotógrafos.
Ela foi a segunda escola a desfilar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval paulistano, antecedida pela Camisa Verde e Branco, que abriu sua apresentação falando da história do cabelo e chegou a empolgar a arquibancada em alguns momentos.
O Anhembi, pelo segundo dia seguido, estava lotado, mas foi alvo de muita confusão com foliões que compraram ingressos mais caros, como cadeiras e camarotes, muitos deles turistas.
Enquanto a Camisa abria os desfiles, às 22h35, havia uma fila superior a 500 metros para entrar. Turistas diziam ter esperado até duas horas -e um grupo de chineses e outro de americanos foram embora.
O casal de alemães Feride, 42, e Fartino Mimnchella, 42, protestavam diante da catraca, ao lado de outros paulistanos, alegando terem comprado um ingresso de R$ 500 com a promessa de tratamento VIP. "É um absurdo, pagamos caro", disse Fartino. Japoneses e ingleses estavam assustados diante do empurra-empurra.
O presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho, culpou a triagem da PM pela situação.
A Camisa animou a platéia não pela qualidade técnica ou luxo, mas sim pela curiosidade das fantasias, dos carros alegóricos e dos passistas.
Falando de cabelo, os destaques de um carro foram sósias -homens travestidos, mais especificamente- de Maria Bethânia, Clara Nunes e Tina Turner, artistas famosas por suas respectivas cabeleiras.
Numa das alas, as pessoas levavam faixas com nomes de outras estrelas conhecidas. Uma delas era Marilyn Monroe, que teve seu nome erroneamente grafado como Merilyn.
Na comissão de frente, estavam 14 homens das cavernas, com perucas e roupas de pele. Logo atrás, o primeiro carro alegórico trazia uma cabeça gigantesca de Medusa, a personagem mitológica que tinha cobras no lugar de cabelos.
O desfile da Mancha foi precedido de conversas políticas. O próprio homenageado, Ariano Suassuna, fez questão de falar de sua admiração pelo presidente Lula (PT). "Acho que ele fez muita coisa para diminuir esse terrível abismo que existe no Brasil dos privilegiados e dos despossuídos."
A X-9 Paulistana seria a terceira a desfilar na madrugada de hoje falando do aquecimento global, seguida da Pérola Negra, sobre Jaguariúna, cidade do interior paulista famosa por seus rodeios. A Vai-Vai seria a quinta a entrar na avenida, com enredo inspirado na peça "Acorda Brasil", do empresário Antônio Ermírio de Moraes. Já a Mocidade Alegre, campeã do Carnaval de 2007, falaria de São Paulo, mas prometeu não citar alguns de seus principais problemas, como a violência. Império de Casa Verde fecharia as apresentações pela manhã falando da música popular brasileira. (ALENCAR IZIDORO, AFRA BALAZINA, ALESSANDRA BALLES, EVANDRO SPINELLI e RICARDO WESTIN)

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