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Rio inicia desfile em ritmo de "bloco de sujos"
Os "preparativos" começaram em abril, quando Polícia Federal prendeu os dois homens mais poderosos do Carnaval
Prisões de bicheiros ligados a escolas, suspeita sobre resultado de 2007 e elo da Mangueira com tráfico de drogas marcam desfiles
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O Carnaval carioca começa
hoje em clima de "bloco dos sujos". Os "preparativos" começaram em abril passado, quando a Operação Furacão, da Polícia Federal, prendeu os dois homens mais poderosos do Carnaval: os bicheiros Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, que se afastou da presidência da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), e
Aniz Abrahão David, o Anísio,
presidente de honra da Beija-Flor -no momento, os dois estão soltos.
Uma CPI foi criada na Câmara dos Vereadores do Rio para
investigar o resultado do concurso de 2007. Não ficou provada manipulação em favor da
Beija-Flor, mas se questionaram os critérios de escolha dos
jurados e o excesso de poder e
dinheiro nas mãos da Liesa.
O carnavalesco Alexandre
Louzada, que venceu com a
Beija-Flor no ano passado e
também com a Vila Isabel em
2006, rechaça a possibilidade
de os jurados tirarem pontos da
escola de Nilópolis para evitar
suspeitas. "Aí o julgamento ficaria sob suspeita. Seria um revanchismo, não seria honesto."
Ainda inconformada com o
sétimo lugar do Salgueiro -terceira a se apresentar nesta noite- em 2007, a carnavalesca
Márcia Lavia pensa diferente.
"Vão ter que se redimir. Foi
muito estranho no ano passado. Um grupo de franceses veio
aqui há pouco tempo e disse:
"vocês foram "roubadus'!". Não
vamos ser "roubadus" de novo".
A Folha deixou dois recados
para o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, mas ele não ligou para comentar a situação.
A vida da Mangueira não está
nada cor-de-rosa. Em janeiro,
as polícias Civil e Federal descobriram ligações dos (agora
ex) presidentes da escola, Percival Pires, e da bateria, Ivo
Meirelles, com traficantes.
Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que co-assina como Francisco do Pagode o
samba em homenagem ao frevo (o quinto de hoje), está foragido acusado de comandar o
tráfico no morro da Mangueira.
"A Mangueira está com raiva.
E a Mangueira com raiva é
muito perigosa. Os componentes não têm culpa de certas coisas e vão entrar com garra", diz
o carnavalesco Max Lopes, que
não crê em jurados antipáticos
por causa do ocorrido.
Para o historiador e comentarista de Carnaval Haroldo
Costa, a última vitória da Beija-Flor não pode ser questionada
nem a integridade da Estação
Primeira. "O episódio do Tuchinha é uma gota d'água dentro da história da Mangueira,
que tem uma tradição e uma
comunidade muito maiores."
O 2008 da Viradouro também começou mal. Seu presidente, o policial civil Marco Lira, foi baleado em 11 de janeiro
numa suposta tentativa de assalto. Ele estará na avenida encerrando o desfile de hoje, mas
sem a alegoria do Holocausto
criada por Paulo Barros.
Irritada ao saber que o destaque seria um homem fantasiado de Adolf Hitler, a Federação
Israelita do Rio conseguiu na
Justiça, anteontem, obrigar a
escola a mudar todo o carro
alegórico, que trazia imagens
de cadáveres.
A São Clemente abre o desfile de hoje, às 21h, reverenciando d. João 6º. A Porto da Pedra
exalta a imigração japonesa. A
Portela traz enredo ecológico.
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