São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008

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SAÚDE/ GINECOLOGIA

Higiene íntima da mulher tem de lenço a minilavadora

Médicos divergem, porém, sobre eficácia de produtos e para quem são indicados

Sabonete especial pode ser usado contra o incômodo causado por odor forte, mas é preciso orientação médica, alerta ginecologista

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma minilavadora de calcinhas lançada no ano passado integrou um mercado que ganha novos ingredientes a cada ano: o da higiene íntima feminina. Porém, o uso de protetores de calcinha, sabonetes, lenços umedecidos e desodorantes vaginais é bastante controverso e divide opiniões de médicos.
Apostando no grande número de mulheres que lavam a calcinha no banho, a Brastemp lançou em 2007 um produto para acabar com esse trabalho e o "varal improvisado": a minilavadora Eggo. Segundo a empresa, ela tem capacidade para 1 kg e possui o ciclo ozônio para uma higiene mais eficiente.
Para a ginecologista Sandra Regina Zorzeto, diretora do Hospital e Maternidade Estadual Interlagos, ela pode trazer benefícios porque é uma boa prática lavar as roupas íntimas em separado. Ela diz que é difícil -mas possível- que bactérias passem para outras peças.
Já o ginecologista do Hospital Albert Einstein, Eduardo Zlotnik, diz não ver na máquina benefícios para a saúde da mulher. "Se ela tiver corrimento, por exemplo, e se sentir mais à vontade lavando na máquina, pode usar. Mas para muitas será só mais um consumo."
Há ainda sabão próprio para lavar a calcinha. O pH neutro é o chamariz do Higi Calcinhas.
O equilíbrio do pH -índice que mede a acidez -é também o grande argumento de outros produtos para a mulher. Isso porque a vagina possui pH ácido -entre 3,5 e 4,5-, e alterações facilitam a proliferação de outras bactérias que não fazem parte do equilíbrio fisiológico da vagina. Podem surgir então doenças como a candidíase.
Os sabonetes líquidos se usam desse argumento para dizer que são ideais para a higiene e a proteção da mulher, mantendo o pH da vagina -os sabonetes comuns têm pH básico. Entre alguns dos disponíveis no Brasil estão o Dermacyd, o Hygiene e o Lucretin.
Para o dermatologista Mário Cezar Pires, "os sabonetes que baixam o pH são ideais porque não têm efeito colateral".
Já Eduardo Zlotnik afirma que ele pode ser usado por mulheres incomodadas com o odor forte, mas que é necessária orientação médica. "Os produtos são bons, mas não para todas."
Na esteira dos sabonetes líquidos estão os lenços umedecidos, que seguem o mesmo princípio. Segundo os fabricantes, são alternativas em casos de emergência. Eles são tidos por alguns médicos como uma forma de melhorar a higiene em relação ao papel higiênico, que pode causar irritação.

Perfume
Para a médica Rosiane Mattar, da Febrasgo (federação nacional de ginecologistas), "não há nenhum benefício em produtos de higiene íntima porque a vagina tem uma flora que não deve ser modificada pelo uso de produtos". Segundo ela, os consumidores são convencidos a usá-los porque são cheirosos.
A química do perfume é o alvo de críticas dos médicos no que diz respeito a desodorantes vaginais, porque têm maior contato com a pele que o perfume de absorventes, por exemplo. Isso pode causar irritações. A Combe, uma das fabricantes, diz que o desodorante Vagisil é testado e aprovado por médicos, e que pode ser usado por qualquer mulher que não possua alergia à fórmula.


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