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"Equipe de segurança dita as normas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-conselheira tutelar e ex-integrante do Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo, a psicóloga
Elizete Aparecida Rossoni Miranda afirma estar decepcionada
com o que viveu durante quase
um mês na Febem. "A segurança
é quem dita as normas e as regras
24 horas por dia", afirmou ela.
Folha - O que provocou a sua demissão?
Elizete Aparecida Rossoni Miranda - Eu comecei a trabalhar no dia
2 de fevereiro em uma situação
bastante precária no quadro de
pessoal e também com problemas
estruturais. Tem funcionários trabalhando 32, 36 horas em plantão
seguido. Mas o dificultador maior
é a autonomia que a divisão da segurança tem. E é nessa divisão
que se localiza o problema.
Folha - A senhora também é contrária à tranca?
Miranda - Somos totalmente
contrários a esse tipo de contenção, que não chega nem perto do
projeto pedagógico que está sendo falado pela secretaria.
Folha - Por quê?
Miranda - A tranca coletiva contraria o regulamento da Febem.
Até porque a gente não consegue
recuperar o projeto pedagógico
na hora de abrir a tranca. Em vez
da contenção, a gente vai aumentar o nível de agressividade.
Folha - Você se sente frustrada
com o que aconteceu?
Miranda - Fica uma decepção
muito grande com um projeto
que poderia dar certo. Não é uma
questão de não acreditar que é
preciso ter limites para convivência. Isso faz parte do projeto pedagógico. Mas o que existe é um
abuso e um desmando. A segurança é quem dita as normas e as
regras as 24 horas do dia.
Folha - Não há atividades?
Miranda - É muito contraditória
a fala do secretário quando diz
que tem de ter disciplina, e o que a
gente encontrou foi ociosidade
total dos adolescentes por falta de
oficinas de trabalho, pela própria
falta do ensino formal.
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