São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Marcelo Yuka, ex-Rappa, é assaltado e agredido no Rio

Paraplégico após roubo em 2000, músico foi espancado por não conseguir sair do carro

Crime ocorreu a menos de 500 metros do local onde Yuka havia sido baleado, nove anos atrás; desta vez, músico temeu ser arrastado

Gabriel de Paiva/Agência O Globo
O músico Marcelo Yuka, 43, assaltado no sábado na tijuca

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

O músico Marcelo Nascimento Santana, o Marcelo Yuka, 43, ex-baterista do grupo O Rappa, foi vítima de um assalto no sábado na Tijuca (zona norte do Rio), a menos de 500 m de onde, em 2000, foi baleado e ficou paraplégico durante uma tentativa de roubo. Desta vez ele foi agredido, ficou com as pernas presas ao carro e temeu ser arrastado, mas os ladrões não conseguiram ligar o veículo e só roubaram um celular.
Yuka voltava de uma festa e estacionou seu jipe Cherokee 1998 na esquina das ruas Uruguai e Conde de Bonfim, às 6h. Quando seu enfermeiro desceu para ir a uma padaria e a um banco, o músico foi abordado por dois ladrões com uma pistola. Sem reconhecê-lo, ordenaram que saísse do carro.
Quando o músico contou que é paraplégico, os bandidos passaram a agredi-lo com socos na cabeça e na barriga e a tentar tirá-lo do jipe. "Mostrei o adesivo no carro dizendo que eu era deficiente, mas eles não acreditaram e disseram para eu andar logo. Depois um deles me derrubou. Primeiro meu corpo ficou para fora, mas minhas pernas continuaram dentro do carro. Então temi que eles saíssem com o jipe e me arrastassem, como fizeram com o João Hélio [menino morto ao ser arrastado por bandidos ao longo de 7 km, em 2007]", disse o músico. "Mas então eles empurraram minhas pernas, que foram parar embaixo do carro. Nessa hora achei que eles passariam por cima delas. A sorte é que não conseguiram ligar o carro."
Os ladrões desistiram de roubar o jipe e fugiram levando apenas o celular dele. Um dos bandidos ainda voltou e quis ajudar Yuka. "Acho que ele não me reconheceu, mas se convenceu de que sou mesmo paraplégico e tentou ajudar. Disse que iria me colocar de volta no carro, mas eu pedi que apenas me ajeitasse no chão, porque meu corpo estava torto." Os bandidos, que aparentavam ter 30 anos, fugiram e até ontem não haviam sido identificados.
Esse foi o terceiro episódio de violência vivido por Yuka desde 2000. Em novembro daquele ano, o músico levou nove tiros ao tentar evitar um assalto na esquina das ruas Andrade Neves e José Higino. Desde então, não movimenta as pernas.
Em 2005, quase foi assaltado em um arrastão na rua Andrade Neves. "Os motoristas saíram correndo, mas eu não podia me mexer. Um ladrão abriu a porta do meu carro, mas foi chamado pelos comparsas e desistiu."
Yuka não pretende se mudar. Diz que na Tijuca fica seu estúdio adaptado, onde ainda tem "qualidade de vida". Sobre os bandidos, é enfático: "Não quero vingança, só quero justiça".


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