São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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ADHERBAL MANSUR (1933-2009)

Na praça, o comerciante e seus botões

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase meio século da vida de Adherbal Mansur se passou ao redor da mesma praça. Todo dia ele chegava à Toledo Barros, no centro de Limeira (interior de SP), cedo, para abrir a loja de linhas e botões. Trabalhava, com a devida pausa no bar ao lado. E só saía da loja tarde; mas não sem trocar palavras sobre política e economia com amigos de banco -os velhos amigos do banco da praça.
Filho de um comerciante libanês que migrou para São Paulo, Adherbal nasceu em Limeira. "Não gostava de estudar", diz o filho (fez só o primário). Aos 14, era balconista da loja do pai; e aos 16, decidiu fazer a própria vida e foi para Campinas trabalhar nas Casas Pernambucanas. Lá, além do balcão, cuidava do marketing -pintava com cal a marca da loja em postes de madeira nas estradas.
De volta a Limeira, comprou a camisaria dos irmãos, transferiu-a para a praça e fez do negócio um varejo de fios e linhas -ao lado das Pernambucanas. Trabalhou lá por 50 anos, tempo em que ganhou fé. Se o pai era muçulmano e a mãe, católica, Adherbal era ateu -até casar e virar assíduo na igreja da mulher (teve três filhos e cinco netos). Dava palestras sobre orçamento doméstico para noivos. E havia o Carnaval.
Nos anos 60, quando era permitido, vendeu lança-perfume e logo integrou a comissão de desfiles de rua. Morreu, aos 75, de falência respiratória, na terça de Carnaval.

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