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ADHERBAL MANSUR (1933-2009)
Na praça, o comerciante e seus botões
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase meio século da vida
de Adherbal Mansur se passou ao redor da mesma praça. Todo dia ele chegava à Toledo Barros, no centro de Limeira (interior de SP), cedo,
para abrir a loja de linhas e
botões. Trabalhava, com a
devida pausa no bar ao lado.
E só saía da loja tarde; mas
não sem trocar palavras sobre política e economia com
amigos de banco -os velhos
amigos do banco da praça.
Filho de um comerciante
libanês que migrou para São
Paulo, Adherbal nasceu em
Limeira. "Não gostava de estudar", diz o filho (fez só o
primário). Aos 14, era balconista da loja do pai; e aos 16,
decidiu fazer a própria vida e
foi para Campinas trabalhar
nas Casas Pernambucanas.
Lá, além do balcão, cuidava
do marketing -pintava com
cal a marca da loja em postes
de madeira nas estradas.
De volta a Limeira, comprou a camisaria dos irmãos,
transferiu-a para a praça e fez
do negócio um varejo de fios
e linhas -ao lado das Pernambucanas. Trabalhou lá
por 50 anos, tempo em que
ganhou fé. Se o pai era muçulmano e a mãe, católica,
Adherbal era ateu -até casar
e virar assíduo na igreja da
mulher (teve três filhos e cinco netos). Dava palestras sobre orçamento doméstico para noivos. E havia o Carnaval.
Nos anos 60, quando era
permitido, vendeu lança-perfume e logo integrou a comissão de desfiles de rua. Morreu, aos 75, de falência respiratória, na terça de Carnaval.
obituario@folhasp.com.br
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