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Paralisação foi crime militar, diz ministro do STF
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Supremo
Tribunal Federal Celso de
Mello afirmou ontem que os
controladores de vôo "agiram de modo criminosamente irresponsável", disse
que a paralisação da última
sexta-feira foi crime militar e
sugeriu a prática de motim.
Relator do mandado de segurança em que o STF decidirá se instala a CPI do Apagão Aéreo, Mello afirmou
que a União tem a obrigação
de indenizar todas as pessoas
atingidas pela crise.
"Esse comportamento irresponsável dos controladores de vôo vai gerar o dever
da União de indenizar todos
os passageiros por danos morais e materiais. Dessa atitude, resulta um ônus para o
próprio cidadão."
Os passageiros prejudicados pela crise poderão entrar
com ação de indenização
contra a União na primeira
instância da Justiça Federal.
Segundo o ministro, quando
condenada, a União poderá
processar os controladores
de vôo, individualmente, para que eles arquem com o pagamento das indenizações.
Além de sugerir o crime de
motim, o ministro falou em
violação de princípios constitucionais. "Esse comportamento transgrediu e feriu de
modo profundo dois valores
constitucionais básicos na
organização das Forças Armadas: de um lado, a hierarquia e, de outro, a disciplina."
Mello elogiou a iniciativa
dos promotores da Justiça
Militar de Brasília de requisitar a abertura de IPM (Inquérito Policial Militar) ao
Comando da Aeronáutica.
Ele demonstrou indignação com a paralisação. "Foi
um gesto inaceitável. Há outras maneiras de reivindicar,
de postular. O que não tem
sentido é praticar atos que
geram perturbação enorme,
que ocasionam danos materiais e morais imensos à multidão dos usuários, que são os
consumidores dos serviços
de transporte aéreo."
O ministro criticou a "insubmissão" aos oficiais. "A
preocupação que os altos escalões da Aeronáutica vêm
externando nos últimos dias
é plenamente justificada pela gravidade do comportamento de insubmissão manifestado por militares."
Em razão da crise, Mello
cancelou viagem que faria no
sábado a São Paulo. "Desisti
de ir diante do noticiário."
Já o procurador-geral da
República, Antonio Fernando Souza, passou o sábado
em Porto Velho, aguardando
o retorno a Brasília. Marcado
para 6h45, o vôo só decolou
às 16h. "É horrível, mas no
sábado ainda é mais tranqüilo [que nos dias úteis]", disse.
Até o final da próxima semana, ele irá se manifestar
sobre a instalação ou não da
CPI do Apagão Aéreo em parecer a ser enviado ao STF.
Com base no parecer, Mello
fará seu voto e submeterá a
decisão aos outros ministros,
em sessão plenária, o que deve ocorrer até o final de abril.
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