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ANA MARIA MOREIRA QUINTELLA
Voz sem pudor da professora da Mooca
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela acordava as crianças
no grito, Ana Maria Moreira Quintella, no afã de ensinar
aos pequenos moquenses as
primeiras letras da vida -foi
lá que a moça "enérgica" passou a vida dando aula. "Nasceu e morreu na Mooca."
Na rua Madre de Deus, no
miolo do bairro conhecido
pela gente italiana de fala alta, nasceu e muito brincou de
atender clientes na venda do
avô. "Desde pequena falava
muito e muito alto." Na venda da Mooca se sentia em casa. Por ali passou toda a vida,
entre a rua do Oratório e a
dos Campineiros, onde, até
hoje, moram os pais e a irmã.
Estudou no colégio São Judas, lá concluiu a faculdade
de letras, e tinha seus 20
anos quando virou professora de primeira a quarta série.
Diz o filho que não havia
quem não a conhecesse na
escola. Porque a senhora loira, aquela gordinha de óculos, "adorava falar palavrão",
sem dissimular sua alegria.
Como sempre deu aula em
escola pública, e "como professor sempre ganhou pouco", fez bicos para criar os
dois filhos ao se separar do
marido. Fazia tapetes e vendia pijamas, mas nunca deixou de passar as duas férias
por ano no Guarujá, aproveitando a praia -são as melhores lembranças do filho.
Em outubro descobriu um
câncer em estado avançado,
mais rápido em sua metástase que a esperança de conhecer o neto, esperado para daqui a três semanas. "A doença foi mais rápida que a ansiedade dela." Morreu sexta,
aos 53 anos, em São Paulo.
obituario@folhasp.com.br
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