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Em dez anos, classe média evita ainda mais o ônibus
Preferência pelo carro na faixa de renda de R$ 3.040 a R$ 5.700 cresce no período
Ampliação da oferta de vagas no transporte coletivo fez aumentar o número de usuários de renda menor no sistema na Grande São Paulo
RICARDO SANGIOVANNI
EVANDRO SPINELLI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão do transporte coletivo na região metropolitana
de São Paulo atraiu os mais pobres, mas não conseguiu seduzir a classe média alta em dez
anos. Esses, ao contrário, continuaram aderindo ao carro e
abandonando os ônibus, como
apontam dados da pesquisa
Origem/Destino 2007 do Metrô -a mais completa do setor,
que norteia políticas de desenvolvimento da rede de transportes- divulgados ontem.
A pesquisa ouviu 92 mil pessoas na Grande São Paulo.
A preferência pelo carro
cresceu de 38,8%, em 1997, para 45,8%, em 2007, entre pessoas com renda de R$ 3.040 a
R$ 5.700, que usam o automóvel como principal transporte.
Ônibus, metrô e trem são usados por 26,8% -eram 30,5%.
Na faixa com renda superior
a R$ 5.700, 67% das viagens são
feitas de carro (dois pontos percentuais a mais) contra 14,8%
que usam coletivos.
Dados parciais da pesquisa,
antecipados em setembro passado pela Folha, mostraram
que o uso de transporte coletivo havia aumentado em relação ao individual pela primeira
vez em 40 anos -saltou de 51%
para 55%, contra 45% de meios
individuais.
O perfil da renda dos usuários mostra que o aumento registrado deveu-se sobretudo à
adesão da faixa mais pobre da
população, que passou a ter
mais acesso ao transporte devido ao aumento da renda e a integração entre ônibus, trens e
metrô, principalmente o Bilhete Único, que reduziu custos.
"O que preocupa é que não
está acontecendo a atração do
usuário do automóvel para o
transporte coletivo. Para isso, é
preciso, além de oferecer
transporte de qualidade, criar
mecanismos de restrição ao
carro [entre eles o pedágio urbano]", diz o engenheiro de
transportes e professor da Unicamp Carlos Alberto Bandeira
Guimarães. A prefeitura descarta implantar o pedágio urbano em São Paulo.
Entre 1997, ano da pesquisa
anterior, e 2007, houve ampliação de 45% da oferta de vagas
no metrô; os trens ganharam
83% mais vagas e os ônibus,
20%, segundo a secretaria
-além da criação de corredores exclusivos. "O aumento das
viagens está pressionando a demanda [por trem e metrô]. Se
não houver uma inflexão [melhorias], o sistema vai ficar caótico", disse o secretário dos
Transportes Metropolitanos
José Luiz Portella.
Do plano de expansão da rede de trens e do metrô da atual
gestão, os resultados mais significativos -a linha 4-amarela,
entre Luz e Vila Sonia, e a conclusão do prolongamento da linha 2-verde até a Vila Prudente- só devem ser vistos a partir
do primeiro semestre de 2010.
"É preciso que esses projetos
se concluam para que a próxima pesquisa [em 2017] possa
mostrar números diferentes",
diz a professora da Fatec de
São Caetano Adriane Fontana.
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