São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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MIRETA OLIVEIRA LIMA CANTISANI (1904-2009)

A dentista aqueceu com xales 70 mães

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mireta Cantisani, formada no início dos anos 20 em odontologia, passou a trabalhar num consultório onde o dono, também dentista, tinha horror a sangue. Foi fazer a tarefa que o chefe não fazia: extrair dentes.
Da segunda turma da extinta Escola de Farmácia e Odontologia de Itapetininga, exerceu a profissão até 1950.
Mas nunca sonhou em ser dentista: as amigas escolheram a faculdade por ela, anotou numa das 150 páginas do calhamaço que escreveu a mão, quando tinha 96, e que deixou aos netos com o título de "Memórias de uma Avó".
Quando aluna, como só havia livros estrangeiros sobre a área, traduzia as obras do francês para os amigos.
Nascida em Itaberá (SP), morou em Lençóis Paulista, Itapetininga, Birigui, Lins, Santos, Itu e São Paulo.
Em Santos, quando largou a profissão, doou seus instrumentos para um barco que atendia populações ribeirinhas. No fim da vida, brincava que, se topasse com os equipamentos, ainda saberia fazer uma coroa dentária.
Por anos, dedicou-se à pintura, à escultura e à costura -ficou três anos caprichando no vestido de debutante da filha. Em Itu, criou um clube de mães carentes, onde ensinava costura. No frio, fez e distribuiu a elas 70 xales, com lã doada pelos vizinhos.
Morreu sábado, aos 105, "devido a idade". Deixa filha, três netos e seis bisnetos. A missa de sétimo dia será amanhã, às 12h, na igreja Santíssimo Sacramento, SP.
obituario@grupofolha.com.br


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