São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011 |
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Ex-punk, policial monitora agressores Investigador acompanha as ações de grupos homofóbicos em SP; torcidas organizadas também estão na mira Delegacia especializada também investiga os crimes contra negros, judeus e nordestinos cometidos na internet DE SÃO PAULO Um investigador de polícia, ex-punk, é quem monitora os skinheads e os punks homofóbicos na Decradi. Outro investigador, responsável por se antecipar aos movimentos dos "hooligans" nos estádios, está em permanente contato com as torcidas organizadas. Uma delegada-assistente é quem cuida da frente de crimes de ódio na internet. No total, 20 policiais, incluindo a delegada Margarette Correa Barreto, 44, integram a força-tarefa paulista para cuidar dessas modalidades de ataque. Foi assim que se conseguiu localizar, intimar, colher o depoimento e concluir o inquérito no caso da jovem que, nos dias seguintes à eleição de Dilma Rousseff, usou o seu perfil no microblog twitter para conclamar: "Nordestisto [sic] não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!". "O problema é que o crime de ódio tem características de onda. Depois da repercussão daquele caso, ocorreu um tsunami de manifestações antinordestinos na internet", afirma a delegada. No total, 40% de todas as ocorrências atuais da Decradi já se referem a casos cibernéticos, envolvendo, pela ordem, ataques a negros, judeus e nordestinos. Essa é apenas a pequena parte sobre a qual existem denúncias e investigações. Um breve passeio no Orkut permite que se encontrem comunidades dedicadas a defender que "uma bomba atômica seja despejada na África", o "estupro corretivo de lésbicas" e a destruição do Japão, entre outros ataques. ORGULHO Outra dificuldade particular dos crimes de ódio é que, para muitos agressores, torna-se motivo de orgulho ser pego pela polícia -é como se fosse um atestado de devoção à "causa". "Tivemos o caso de um skinhead que, flagrado quando ia atacar uma vítima, foi detido e trazido ao Decradi. O rapaz estava eufórico. Dizia que, enfim, conseguira se igualar ao irmão e teria um quadro no quarto com seu próprio BO por agressão", lembra a delegada. A terceira ordem de problemas refere-se à produção de provas dos crimes de ódio. Não basta que um homossexual seja atacado na rua para que se configure a prática de crime de ódio. "É preciso que fique provado que o ataque teve como motivo a orientação sexual. Se foi, por exemplo, um assalto que teve a circunstância de ter uma vítima homossexual, descaracteriza-se a ação como crime de ódio." Por fim, os alvos do crime de ódio mudam, conforme também muda a sociedade. "Pouquíssimo se falava nos Estados Unidos a respeito de ataques à comunidade islâmica do país", afirma. "Mas depois da explosão das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, houve uma avalanche de agressões -motivadas pelo puro preconceito- a mesquitas e a símbolos do Islã." No Brasil, a delegada aposta: a próxima onda de intolerância terá como alvo a comunidade de bolivianos, muitos deles imigrantes ilegais subempregados nas fábricas de roupas do Brás (centro de São Paulo). "Os bolivianos são muito vulneráveis, porque não têm organizações próprias fortes e porque têm medo que, denunciando os maus-tratos que sofrem, tornem-se visados pela imigração brasileira", diz a delegada. (LAURA CAPRIGLIONE) Texto Anterior: 25 gangues apavoram gays e negros nas ruas da cidade Próximo Texto: Briguentos serão conhecidos antes da Copa de 2014 Índice | Comunicar Erros |
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