São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO
Secretário foi funcionário do DOI-Codi
Quintal trabalhou em órgão repressivo

da Sucursal do Rio

O secretário da Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, confirmou ontem que trabalhou para o DOI-Codi (Departamento de Operações e Informações - Centro de Operações e Defesa Interna), no regime militar.
A revelação foi feita em tom acusatório pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador de Segurança e Cidadania do Rio, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite de anteontem.
O DOI-Codi ficou conhecido como o principal órgão de repressão do regime militar.
Quintal, 52, coronel reformado da Polícia Militar, disse que ingressou no DOI-Codi em 1976, quando tinha 28 anos, e que se orgulha muito dos dois anos durante os quais trabalhou na 2ª Brigada do Exército, em Niterói. "Isso não me causa nenhum embaraço. Tive atuação exemplar por lá. O policial não é dono dos seus passos. Mas eu não torturei ninguém. Trabalhei em serviços burocráticos, análise documental."
Na entrevista, Soares afirmou que, ao negar que sabia desde dezembro da ligação de João Moreira Salles com o traficante Marcinho VP, Quintal estava tendo uma atitude "típica de seus momentos de DOI-Codi". "É como se ele (Quintal) estivesse retomando e aplicando sua experiência. Eles manipularam essa situação de forma grosseira e violenta, a serviço de uma demagogia vil. É uma prática que só encontra paralelo nos tempos ditatoriais."
Irônico, Quintal afirmou que não podia chamar a revelação de acusação. "Acho que o Eduardo estava querendo me elogiar. Ele não disse que eu fui do DOI-Codi, mas não torturei? Isso só pode ser um elogio."


Texto Anterior: Narcotráfico: Ação da PF faz suspeito depor na CPI
Próximo Texto: Garotinho rebate críticas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.