São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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BARBARA GANCIA

Pisar nos calos da prefeita é ser Jean-Marie Le Pen!

Os últimos dias serviram para que eu fizesse tristes constatações sobre a prefeita Marta Suplicy. Uma delas -e talvez a menos importante- é a de que a prefeita não abre diariamente o seu e-mail. Deixa a tarefa para o namorado, Luís Favre, que não mantém cargo oficial na prefeitura. Quem sabe, se a prefeita não dedicasse boa parte do seu tempo a ir a festas, sobraria um minutinho para ler a sua correspondência.
Mas pior do que descobrir que, de fato, a vida social da prefeita interfere na condução dos assuntos da cidade foi ver reveladas no "Painel do Leitor", desta Folha, toda a arrogância e má-fé de dona Marta Suplicy. Confesso que não a imaginava capaz de golpe tão baixo.
Explico: na semana passada, usei este espaço para questionar a expulsão do PT do vereador Carlos Giannazi. Também levantei a questão das alianças e distribuições de cargos, que Marta dizia abominar e agora pratica. Finalmente, quis saber a quantas anda a Operação Belezura.
Nenhum dos tópicos por mim abordados é assunto de interesse só meu. Todas são questões que afligem a população. Note que eu saí fora do meu caminho para usar uma linguagem menos cáustica do que a habitual, uma vez que estava me dirigindo à prefeita da minha cidade.
Pois sabe qual foi a reação da prefeitura? Em vez de debater os pontos levantados, o assessor de imprensa da prefeita escreveu a este jornal dizendo que, na referida coluna, eu usei o "estilo de Jean-Marie Le Pen". Veja você: por ter ousado questionar as ações da prefeitura, fui comparada a um sujeito que incita os franceses a violar túmulos de judeus.
Até entendo o "antenor braido da prefeita" tentar desqualificar meus argumentos. No PT e na política em geral, a prática é muito difundida. Mas dizer que o conteúdo da coluna "não merece comentários" é dar um tapa na cara da população que votou na outra Marta, e não nesta que agora se considera acima do bem e do mal.
O assessor da prefeita foi mais longe. Tentou colocar dúvidas sobre minha integridade, dizendo que "preocupa o vale-tudo eleitoral já ter chegado a esse ponto". Ora, ele me conhece (trabalhamos juntos por muitos anos) e sabe que não tenho nenhum vínculo com políticos.
Em resumo, o que ele fez foi usar da mais baixa retórica a fim de desviar a atenção das denúncias que atingem a prefeitura.
Sinto muito, mas o tiro saiu pela culatra.

QUALQUER NOTA

Time do Luiz Estevão
Era inevitável que a ida do Brasiliense à final da Copa do Brasil gerasse uma dose de ironia. Corre na cidade a piada de que o Brasiliense é mesmo um time completo. Já vem até com juiz, uma referência ao juiz Nicolau dos Santos Neto, envolvido no escândalo da obra do TRT.

Repeteco
O apedrejamento da embaixada brasileira no Chile serve de aviso. Há interessados em livrar da cadeia mais uma leva de sequestradores estrangeiros que praticaram crimes no Brasil. Se o Itamaraty der mole mais esta vez, pode apostar, outros virão.

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