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AMBIENTE
Área de 180 mil m2 na Vila Carioca tem o subsolo e as águas subterrâneas contaminados por substâncias tóxicas
Multa da Shell por não ter licença é de R$ 107
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Shell Brasil foi multada no último dia 30 em R$ 107,48 pela Administração Regional do Ipiranga
(zona sul de SP) por estar operando de forma irregular na unidade
da Vila Carioca pelo menos desde
1998. A Shell não tem licença de
funcionamento da sua base de estocagem de combustíveis, que está no local há mais de 50 anos.
À empresa foi dado um prazo
de dez dias para que regularize
sua situação. Caso contrário, a administração regional afirma que
pedirá o fechamento da unidade.
A multa atingiu o valor máximo
previsto na legislação.
A base ocupa uma área de cerca
de 180 mil m2 (equivalente a 25
campos de futebol), cujos subsolo
e águas subterrâneas estão poluídos por várias substâncias tóxicas, muitas delas cancerígenas.
A contaminação ameaça até 30
mil pessoas que trabalham na
unidade ou vivem num raio de 1
km da área, segundo estimativas
da Promotoria de Meio Ambiente
da Capital, que entrou, no fim de
março, com uma ação civil pública contra a Shell e a Cetesb (agência estadual responsável pela fiscalização e controle ambientais).
A própria empresa admitiu a
existência, em parte da área, de
megaconcentrações de pesticidas
conhecidos como "drins" (que
causam alterações no sistema
neurológico e câncer), encontrados lá em níveis até 1.320 vezes
acima do limite estipulado pela
Cetesb para regiões industriais.
A base da Vila Carioca também
não tinha licença de funcionamento dos equipamentos, cuja
emissão é feita pelo Contru (Departamento de Controle do Uso
de Imóveis). Apesar de serem os
responsáveis também pela fiscalização desse tipo de documentação, os órgãos municipais afirmam que só souberam das irregularidades ao exigir as licenças
da Shell, depois que a contaminação foi divulgada pela Folha.
A empresa, por sua vez, sustenta
que ainda não recebeu oficialmente a multa, mas que vai recorrer de seu pagamento porque
considera que apresentou os documentos exigidos. Segundo a administração regional, o que a Shell
fez foi entrar, no mesmo dia 30,
com um pedido de licença de funcionamento, que correrá de forma independente do processo administrativo aberto contra ela.
A assessoria de imprensa da
Shell não soube informar ontem
que tipo de documentação a empresa afirma ter entregado.
CPI
Hoje à tarde, os vereadores que
integram a CPI dos Postos de
Combustíveis fazem uma vistoria
na unidade da Shell na Vila Carioca, acompanhados por técnicos
da Administração Regional do
Ipiranga, do Contru, da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, do
sindicato dos geólogos e do Sinpetrol (sindicato dos trabalhadores no comércio de petróleo, que
denunciou a contaminação).
Segundo o presidente da comissão, Jooji Hato (PMDB), o objetivo é, ao fim dos trabalhos da CPI,
determinar a quem cabe fiscalizar
cada elo da cadeia de distribuição
de combustíveis na cidade.
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