São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Publicidade não é principal objetivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a indústria se prepara para um possível embate, investindo em ações que melhoram a imagem, o governo patina há nove meses na definição de uma política de controle do álcool.
Na semana passada, em São Paulo, o ministro da Saúde, Humberto Costa, revelou que já aceita abrir mão da proibição de propaganda, algo que defendia quando iniciou sua gestão. "Um foco é a questão dos grupos de risco, principalmente crianças e adolescentes. O problema da publicidade é uma parte. A minha preocupação é com os grupos vulneráveis à bebida e com trânsito", disse Costa.
Especialistas apontam que a indústria investe forte contra o beber e dirigir porque isso não afeta o consumo -é o mesmo que dizer beba, mas vá de táxi. "Trabalharemos fortemente em fazer cumprir a lei no que diz respeito a não vender bebida alcoólica para menores e mexer nessa legislação que trata do bafômetro."
Sobre ser contra a propaganda no início de sua gestão, o ministro diz: "Não mudei. O problema é que nem sempre o que a gente quer tem condições de viabilizar".

Multa
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) multou o Sindcerv (Sindicato Nacional da Cerveja) em R$ 35 mil pela publicação de um livro que vendia cerveja como remédio, uma tentativa da indústria de unir ciência e álcool. Com 2.500 cópias distribuídas a políticos, médicos e pessoas ligadas à indústria, o livro falava de supostos benefícios digestivos, calmantes e até de melhoras nos sintomas da menopausa, tudo sem comprovação científica e usando um texto marqueteiro.
A denúncia chegou à agência em 2001, mas o órgão só foi multar o sindicato em fevereiro passado. Atribuiu a demora a processos administrativos e a excesso de demanda. O sindicato recorreu.
Segundo Maria José Delgado Fagundes, da Gerência de Propaganda da Anvisa, os bancos de dados usados pelo sindicato não eram confiáveis. "Foram baixados sem critério." O Sindcerv disse que não se pronunciaria porque o material estava proibido. A Folha voltou a procurá-lo para tratar do recurso, mas não conseguiu ouvir a diretoria. (FL)


Texto Anterior: Empresa não revela valor de patrocínio
Próximo Texto: Dirigente diz ser possível conciliar interesses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.