São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

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Exército faz operação no Rio após ataque a sargento nu

Militar disse que foi atacado por traficantes incomodados por ele ficar pelado na janela

Exército abriu um IPM para identificar autores dos tiros que atingiram casa do soldado em um conjunto militar em abril deste ano

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Em busca de traficantes que atacaram, mês passado, a casa do 3º sargento do Exército Derquis Martins de Aguiar, 43, e metralharam com mais de 50 tiros a residência, que fica numa área militar, cerca de 350 homens da Brigada de Infantaria Pára-Quedista fizeram uma operação durante parte da manhã de ontem, na favela do Muquiço (Guadalupe, zona norte do Rio). Ninguém foi preso e não houve troca de tiros.
A ação foi desencadeada às 6h e teve o apoio de três Urutus (blindados para transporte de pessoal), um helicóptero Pantera e outros 25 carros. O objetivo era cumprir três mandados de prisão, um deles expedido para o chefe do tráfico da favela, Bruno da Silva Loureiro, o "Coronel". O Muquiço é dominado por integrantes da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro).
O motivo do ataque à casa do sargento foi, segundo seu depoimento registrado na 33ª DP, o fato de traficantes não terem gostado que, da janela de sua casa -vizinha à favela-, fosse visível que ele estivesse tomando "banho pelado".
Na ocasião, oito traficantes armados com fuzis e pistolas atacaram a casa de Aguiar, por volta das 22h do dia 5 de abril. Parte dos homens teria chegado em um Honda Civic prata.
O grupo seria da favela do Muquiço, que cerca o conjunto habitacional Getúlio Vargas, onde Aguiar mora. O conjunto é habitado por militares de baixa patente do Exército.
As mais de 50 balas atingiram as janelas e a parede da casa do militar, além de carros que estavam no conjunto. Ele fugiu apenas com escoriações.
O Exército informou apenas que cinco homens foram identificados como autores do crime. Além do chefe do tráfico, também teria participado Bruno da Silva Tavares, o Unha, morto na semana passada num confronto. Um quinto homem seria de outra favela.
Uma testemunha, morador do mesmo prédio, confirmou que o ataque seria porque podia-se vê-lo nu, de uma praça que fica em frente ao conjunto.
Logo após o ataque, foi aberto um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar o motivo e os autores do crime. Por estar em segredo de Justiça, os chefes da operação não revelaram o teor das investigações.
Ontem, os militares foram às casas onde os criminosos dormiriam, mas não os encontraram. Eles ainda vasculharam outras casas, com a permissão dos moradores, mas sem sucesso. Cinco carros e uma moto roubados foram apreendidos.
A presença dos militares assustou moradores acostumados a ver apenas policiais na favela. "Pelo menos não entraram dando tiro, como faz a PM", reclamou uma mulher, que se identificou como Elza.
O sargento não foi encontrado pela Folha em sua casa, já que deixou o conjunto depois do ataque. O Exército informou que ele está impedido de dar entrevistas.
O comandante da Brigada de Infantaria Pára-Quedista do Exército, general-de-brigada Marco Aurélio Costa Vieira, que chefiou a ação, disse que a operação é típica de Polícia Judiciária Militar e teve como objetivo prender pessoas que cometeram crimes militares. Nada tem a ver, segundo ele, com operações de manutenção da ordem, o que foi solicitado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) ao governo federal. Vieira disse que o Exército voltará para prender os bandidos.


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