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Exército faz operação no Rio após ataque a sargento nu
Militar disse que foi atacado por traficantes incomodados por ele ficar pelado na janela
Exército abriu um IPM para
identificar autores dos tiros
que atingiram casa do
soldado em um conjunto
militar em abril deste ano
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Em busca de traficantes que
atacaram, mês passado, a casa
do 3º sargento do Exército Derquis Martins de Aguiar, 43, e
metralharam com mais de 50
tiros a residência, que fica numa área militar, cerca de 350
homens da Brigada de Infantaria Pára-Quedista fizeram uma
operação durante parte da manhã de ontem, na favela do Muquiço (Guadalupe, zona norte
do Rio). Ninguém foi preso e
não houve troca de tiros.
A ação foi desencadeada às
6h e teve o apoio de três Urutus
(blindados para transporte de
pessoal), um helicóptero Pantera e outros 25 carros. O objetivo era cumprir três mandados
de prisão, um deles expedido
para o chefe do tráfico da favela, Bruno da Silva Loureiro, o
"Coronel". O Muquiço é dominado por integrantes da facção
criminosa TCP (Terceiro Comando Puro).
O motivo do ataque à casa do
sargento foi, segundo seu depoimento registrado na 33ª DP,
o fato de traficantes não terem
gostado que, da janela de sua
casa -vizinha à favela-, fosse
visível que ele estivesse tomando "banho pelado".
Na ocasião, oito traficantes
armados com fuzis e pistolas
atacaram a casa de Aguiar, por
volta das 22h do dia 5 de abril.
Parte dos homens teria chegado em um Honda Civic prata.
O grupo seria da favela do
Muquiço, que cerca o conjunto
habitacional Getúlio Vargas,
onde Aguiar mora. O conjunto
é habitado por militares de baixa patente do Exército.
As mais de 50 balas atingiram as janelas e a parede da casa do militar, além de carros
que estavam no conjunto. Ele
fugiu apenas com escoriações.
O Exército informou apenas
que cinco homens foram identificados como autores do crime. Além do chefe do tráfico,
também teria participado Bruno da Silva Tavares, o Unha,
morto na semana passada num
confronto. Um quinto homem
seria de outra favela.
Uma testemunha, morador
do mesmo prédio, confirmou
que o ataque seria porque podia-se vê-lo nu, de uma praça
que fica em frente ao conjunto.
Logo após o ataque, foi aberto um IPM (Inquérito Policial
Militar) para investigar o motivo e os autores do crime. Por estar em segredo de Justiça, os
chefes da operação não revelaram o teor das investigações.
Ontem, os militares foram às
casas onde os criminosos dormiriam, mas não os encontraram. Eles ainda vasculharam
outras casas, com a permissão
dos moradores, mas sem sucesso. Cinco carros e uma moto
roubados foram apreendidos.
A presença dos militares assustou moradores acostumados a ver apenas policiais na favela. "Pelo menos não entraram dando tiro, como faz a
PM", reclamou uma mulher,
que se identificou como Elza.
O sargento não foi encontrado pela Folha em sua casa, já
que deixou o conjunto depois
do ataque. O Exército informou que ele está impedido de
dar entrevistas.
O comandante da Brigada de
Infantaria Pára-Quedista do
Exército, general-de-brigada
Marco Aurélio Costa Vieira,
que chefiou a ação, disse que a
operação é típica de Polícia Judiciária Militar e teve como objetivo prender pessoas que cometeram crimes militares. Nada tem a ver, segundo ele, com
operações de manutenção da
ordem, o que foi solicitado pelo
governador Sérgio Cabral
(PMDB) ao governo federal.
Vieira disse que o Exército voltará para prender os bandidos.
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