São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

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Rio terá marchas pró e contra maconha amanhã

Vereadora organizou reação à Marcha da Maconha; grupos não devem se encontrar

Manifestação a favor da descriminalização da droga foi proibida em outras seis cidades do país, mas deve ser mantida em São Paulo

DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

A discussão sobre a legalização da maconha promete dividir a orla carioca amanhã. Realizada desde 2002 na cidade, a Marcha da Maconha reunirá defensores da descriminalização da droga em Ipanema, a partir das 14h. Perto dali, em Copacabana, pessoas contrárias à idéia farão a caminhada Rio em Defesa da Família, a partir das 9h. Os dois grupos não devem se encontrar.
"Nosso objetivo é debater, não afrontar", afirma o sociólogo Renato Cinco, um dos organizadores da Marcha da Maconha. "Queremos promover a discussão sobre a política de drogas. Defendemos a descriminalização e a regulamentação [do consumo e do comércio] da maconha."
Segundo Cinco, não haverá apologia às drogas. Um guia com recomendações publicado no site do movimento (www.marchadamaconha.org) orienta os manifestantes a não utilizar substâncias ilícitas durante a passeata e afirma que é vetada a participação de menores de 18 anos.
A página ainda disponibiliza para download máscaras de várias personalidades que, segundo os organizadores, já se manifestaram a favor da legalização da maconha.
Além de imagens do governador do Rio, Sérgio Cabral, do pré-candidato a prefeito Fernando Gabeira, do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e do músico Marcelo D2, já utilizadas no ano passado, foram incluídos desenhos de Bezerra da Silva, Chico Buarque, Luana Piovani e Maria Alice Vergueiro -a atriz que interpreta a "maconheira" do vídeo "Tapa na Pantera", sucesso na internet.
Segundo Cinco, as máscaras facilitam a participação no ato daqueles que têm receio de ser reconhecidos.
O anúncio da marcha irritou a vereadora Silvia Pontes (DEM), que preside a Comissão de Prevenção às Drogas da Câmara de Vereadores do Rio. Foi ela que organizou a reação na orla de Copacabana.
A vereadora afirmou que respeita a liberdade de expressão dos manifestantes pró-legalização, mas que é preciso "marcar posição" contra as drogas. "A Marcha da Maconha vai na contramão dos anseios da sociedade", disse.
Segundo ela, além de famílias preocupadas com a questão, a passeata em Copacabana contará com a participação de diversos atletas. "Sou remadora e chamei as equipes de remo dos clubes cariocas."

Proibições
Programada para acontecer em várias partes do mundo e em algumas cidades do Brasil, a Marcha da Maconha havia sido cancelada pela Justiça, até a noite de ontem, em seis capitais: Salvador, João Pessoa, Cuiabá, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.
A proibição foi pedida em ações do Ministério Público.
Até a noite de ontem, a marcha de São Paulo estava mantida. O ato deve ocorrer às 14h no parque Ibirapuera (zona sul).


Colaboraram a Sucursal de Brasília, a Agência Folha e a Reportagem Local


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