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SP desiste de arrancar árvores para a Copa
Plantas atrapalhariam a visão de um telão; a remoção chegou a ser autorizada pela gestão de Kassab no Diário Oficial
Elas seriam transplantadas, mas prefeitura diz que empresa começou trabalho antes de assinar termo de compensação ambiental
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Árvores que seriam removidas do Anhangabaú por causa de telão |
AFRA BALAZINA
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi por muito pouco que 23
árvores quase foram arrancadas do vale do Anhangabaú ontem, com autorização da Prefeitura de São Paulo, porque
atrapalhariam a visão de um telão que transmitirá os jogos da
Copa do Mundo.
Logo pela manhã, funcionários da empresa responsável
pelo evento "Torcida Brasil no
Vale do Anhangabaú" começaram a cavar buracos para a remoção das árvores.
A Prefeitura de São Paulo,
que anteontem liberou no
"Diário Oficial da Cidade" o
transplante das árvores, no final da tarde determinou a suspensão do serviço.
A gestão Gilberto Kassab
(PFL) alegou que a empresa
Playcorp começou os trabalhos
antes de assinar um termo de
compensação ambiental.
A decisão foi anunciada pela
prefeitura após órgãos de imprensa questionarem a administração sobre a necessidade
da remoção das árvores.
Em nota oficial, a SP Turis
diz que, "tão logo foi informada
de que a Playcorp havia iniciado a intervenção na área antes
da assinatura do termo de compromisso ambiental", determinou a suspensão das ações.
Segundo a nota, não está autorizada nenhuma intervenção
ambiental na área e "nenhuma
árvore foi ou será retirada".
No "Diário Oficial da Cidade"
de anteontem, a Secretaria do
Verde autorizou o transplante
das 23 árvores -seriam arrancadas 13 palmeiras, um araribá,
dois ipês-roxos, quatro goiabeiras e três jabuticabeiras.
Segundo o secretário Eduardo Jorge, o pedido inicial era
para retirar 40 árvores e replantá-las longe do Anhangabaú, que é uma área tombada.
A secretaria diz que chegou a
um acordo e permitiu o transplante das 23 espécies no próprio vale. Ele diz ter levado em
conta não só esse evento "mas
também a possibilidade de ter
um local seguro e de fácil acesso para outros eventos com
grande número de pessoas".
"É uma forma de não pressionar a avenida Paulista, por
exemplo, e mesmo manter nossa proibição de uso da praça da
Paz no Ibirapuera", disse.
A arquiteta Rosa Kliass, uma
das autoras do projeto do vale
do Anhangabaú, afirmou que as
árvores que seriam retiradas
ontem não fazem parte do planejamento original do local e
foram postas lá sem aval dos
idealizadores da área. "São árvores espúrias ao projeto. Em
São Paulo tudo é feito sem critério", afirmou a arquiteta.
Riscos
O transplante não garantiria
a vida das 23 árvores. Sempre
há risco, segundo especialistas,
de as plantas não conseguirem
sobreviver ao procedimento.
Segundo a engenheira florestal Vera Lex Engel, professora
da Unesp em Botucatu, esse período mais frio e seco não favorece os transplantes. É mais difícil para a planta fazer fotossíntese e, dessa forma, recuperar suas raízes.
De acordo com Engel, há
uma série de cuidados necessários para a planta resistir. "O
transplante de palmeiras não é
tão problemático porque as raízes são bem coesas. Mas é preciso irrigar bastante porque o
sistema radicular fica abalado."
No caso das árvores frutíferas, o procedimento é mais
complicado. "É preciso retirar
um bloco de terra maior, pois as
raízes se espalham mais."
Segundo o engenheiro agrônomo responsável pelo serviço
no Anhangabaú, Renato Madeiro, o transplante de árvores
de pequeno porte custa até R$
1.000; o de uma árvore de porte
médio custa até R$ 5.000 e o
gasto com uma de grande porte
pode chegar a R$ 10 mil.
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