São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Miss Brasil tem cílios postiços e seios de verdade

Natália Guimarães perdeu o concurso de Miss Universo para japonesa, mas diz que assimilou e já busca trabalho

Estudante de arquitetura, de família mineira e namorando há quatro anos, a mulher mais bela do Brasil diz que não vai aceitar convites para posar nua

Leonardo Wen/Folha Imagem
Natália Guimarães, que ficou em segundo no Miss Universo, em sua volta ao Brasil


PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Linda, 1,75 m, 58 kg, 22 anos, bem tratada, bem nascida, filha única, namorando firme há quatro anos, estudante de arquitetura, bilíngue, miss Minas Gerais, miss Brasil, miss fotogenia, Top Model of The World...o que mais Natália Guimarães poderia querer?
O título de miss Universo, disputado na última segunda-feira na Cidade do México.
Mas esse ela perdeu para Riyo Mori, 20, uma japonesa com silhueta de lambisgóia, em uma finalíssima cujo resultado todos os brasileiros consideraram uma marmelada.
Todos, menos Natália, que faz questão de se mostrar bonita por dentro também.
Ela repetiu pelo menos quatro vezes, para veículos de informação diferentes: "Fiquei muito contente com o segundo lugar, dei graças a Deus, estava louca para voltar pra casa" e "Não me arrependo de nada".
O máximo que deixou escapar foi: "Ela [a japonesa] chamou muito a atenção por causa das roupas caríssimas. Só usava Gucci, Prada, e sempre alguma coisa que tinha acabado de aparecer na internet no corpo de alguma modelo famosa", conta.
Comenta que havia três descendentes de japoneses no júri. "Outros três vieram me dizer que votaram em mim", diz, sem afetação de maldade.
Natália é incontornavelmente do bem. A Folha ficou um dia com ela, desde seu desembarque no aeroporto de Cumbica (em Guarulhos), às 7h, vinda do México, e o primeiro (e último) ""puta-merda" que ela soltou foi às 15h, e, mesmo assim, a pedidos.
"Quando diz palavrão?"
"Quando me machuco."
"Qual o palavrão preferido?"
Demora a sair, ela se encolhe toda, rindo, mas fala.
A mulher mais bonita do Brasil ganhou pelo segundo lugar no mundial US$ 3.000, uma coroa de cristal e um relógio estilo cebolão branco.
"Já pintou algum trabalho?", ela pergunta a Carla Grotto, assessora de imprensa, à saída do aeroporto de Guarulhos.
"Por enquanto, não", responde Carla, encarregada de levá-la pra cima e pra baixo. "Mas é que o pessoal não se deu conta direito. A partir da semana que vem, você vai ver, deve pintar muito convite."
A miss Brasil 1999, Renata Fan, que não chegou tão perto do primeiro lugar no mundial e hoje apresenta um programa de esportes na TV Bandeirantes, garante:
"Você não vai dar conta dos convites. Espera para ver."
"Convites pra quê?"
"Para tudo o que você imaginar", garante Renata, que, contudo, só consegue se lembrar de uma maravilhosa experiência como júri de um concurso de miss no Peru.
"Não ganhei nada, só um colar de pérolas e um carro dos patrocinadores", ri Marta Rocha, miss Brasil 1954, segundo lugar no Universo.
Mas Marta não nega que, naquela época, o concurso conferiu a ela um "incrível trânsito" na alta sociedade.
"Havia muito glamour em torno da miss Brasil. Eu era convidada para simplesmente tudo. Conheci o Brasil de ponta a ponta e viajei o mundo", diz a baiana, que foi casada duas vezes, primeiro com um banqueiro, de quem ficou viúva aos 24 anos, e depois com um empresário dono de seguradora.
A "chaperone" (babá) de Natália, a miss Alagoas 1955, Bertine Motta, 71, não conseguiu otimizar o concurso com associações confortáveis:
"Fiquei casada com um canadense durante uma semana. Fomos para Bogotá [Colômbia], e ele não achou ruim quando eu comentei que alguns amigos dele estavam me cortejando. Ele disse: "Você acha que eu tenho amigos para quê?" Fui-me embora."
O segundo casamento dela durou 18 anos: desde a separação, ela diz que tornou-se "assexuada". Mora na Barata Ribeiro, uma rua barulhenta de Copacabana, no Rio.

Nudez, não
Natália sabe que não pode esperar ficar milionária como Gisele Bündchen. Até tentou a carreira de top model, começou a fazer fotos e alguns desfiles aos 15, mas não "virou".
Sempre do bem, ela diz que "não tinha corpo para ser modelo nem estava disposta a fazer tantos sacrifícios".
Renata Fan volta à carga: "As tops são modelos de fotoshop, poses, cenas, não mulheres de verdade. [Apontando para Natália, com o braço levantado] Olha pra isso!", diz Fan, espécie de versão loura de Natália.
A mulher de verdade desembarca cedinho em Cumbica, depois de 12 horas de vôo, com incríveis cílios postiços, sombra escura, maquiagem pesada, cabelos estilo pantera muito longos enrolados nas pontas, terno de cetim preto e sandálias claras muito altas.
Um caçador de top models não esperaria a chegada de Natália ao hotel para repaginá-la.
A miss Brasil posa pacientemente para os fotógrafos, com um pé mais à frente, meio de lado. O mulherão daria uma sensacional capa de Playboy mas... "Morro à míngua, mas não faço", corta a mineira de Juiz de Fora, família grande.
À propósito, os seios fartos de Natália são naturais: "Todo mundo pensa que coloquei silicone. Eles já foram até maiores", conta ela, que passou de manequim 46 de sutiã para 44.
Isso não faz a menor diferença já que, por enquanto, os únicos olhos a terem acesso ao corpão de Natália são os do administrador de empresas Christian Wagner, 23, namorado desde a época de colégio. "Eu me considero um cara de visão", diz, rindo. "Sempre me achei um sortudo."


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