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Miss Brasil tem cílios postiços e seios de verdade
Natália Guimarães perdeu o concurso de Miss Universo para japonesa, mas diz que assimilou e já busca trabalho
Estudante de arquitetura, de família mineira e namorando há quatro anos, a mulher mais bela do Brasil diz que não vai aceitar convites para posar nua
Leonardo Wen/Folha Imagem
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Natália Guimarães, que ficou em segundo no Miss Universo, em sua volta ao Brasil |
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Linda, 1,75 m, 58 kg, 22 anos,
bem tratada, bem nascida, filha
única, namorando firme há
quatro anos, estudante de arquitetura, bilíngue, miss Minas
Gerais, miss Brasil, miss fotogenia, Top Model of The World...o que mais Natália Guimarães poderia querer?
O título de miss Universo,
disputado na última segunda-feira na Cidade do México.
Mas esse ela perdeu para Riyo Mori, 20, uma japonesa com
silhueta de lambisgóia, em uma
finalíssima cujo resultado todos os brasileiros consideraram uma marmelada.
Todos, menos Natália, que
faz questão de se mostrar bonita por dentro também.
Ela repetiu pelo menos quatro vezes, para veículos de informação diferentes: "Fiquei
muito contente com o segundo
lugar, dei graças a Deus, estava
louca para voltar pra casa" e
"Não me arrependo de nada".
O máximo que deixou escapar foi: "Ela [a japonesa] chamou muito a atenção por causa
das roupas caríssimas. Só usava
Gucci, Prada, e sempre alguma
coisa que tinha acabado de aparecer na internet no corpo de
alguma modelo famosa", conta.
Comenta que havia três descendentes de japoneses no júri.
"Outros três vieram me dizer
que votaram em mim", diz, sem
afetação de maldade.
Natália é incontornavelmente do bem. A Folha ficou um
dia com ela, desde seu desembarque no aeroporto de Cumbica (em Guarulhos), às 7h,
vinda do México, e o primeiro
(e último) ""puta-merda" que
ela soltou foi às 15h, e, mesmo
assim, a pedidos.
"Quando diz palavrão?"
"Quando me machuco."
"Qual o palavrão preferido?"
Demora a sair, ela se encolhe
toda, rindo, mas fala.
A mulher mais bonita do
Brasil ganhou pelo segundo lugar no mundial US$ 3.000,
uma coroa de cristal e um relógio estilo cebolão branco.
"Já pintou algum trabalho?",
ela pergunta a Carla Grotto, assessora de imprensa, à saída do
aeroporto de Guarulhos.
"Por enquanto, não", responde Carla, encarregada de levá-la pra cima e pra baixo. "Mas é
que o pessoal não se deu conta
direito. A partir da semana que
vem, você vai ver, deve pintar
muito convite."
A miss Brasil 1999, Renata
Fan, que não chegou tão perto
do primeiro lugar no mundial e
hoje apresenta um programa
de esportes na TV Bandeirantes, garante:
"Você não vai dar conta dos
convites. Espera para ver."
"Convites pra quê?"
"Para tudo o que você imaginar", garante Renata, que, contudo, só consegue se lembrar
de uma maravilhosa experiência como júri de um concurso
de miss no Peru.
"Não ganhei nada, só um colar de pérolas e um carro dos
patrocinadores", ri Marta Rocha, miss Brasil 1954, segundo
lugar no Universo.
Mas Marta não nega que, naquela época, o concurso conferiu a ela um "incrível trânsito"
na alta sociedade.
"Havia muito glamour em
torno da miss Brasil. Eu era
convidada para simplesmente
tudo. Conheci o Brasil de ponta
a ponta e viajei o mundo", diz a
baiana, que foi casada duas vezes, primeiro com um banqueiro, de quem ficou viúva aos 24
anos, e depois com um empresário dono de seguradora.
A "chaperone" (babá) de Natália, a miss Alagoas 1955, Bertine Motta, 71, não conseguiu
otimizar o concurso com associações confortáveis:
"Fiquei casada com um canadense durante uma semana.
Fomos para Bogotá [Colômbia], e
ele não achou ruim quando eu
comentei que alguns amigos
dele estavam me cortejando.
Ele disse: "Você acha que eu tenho amigos para quê?" Fui-me
embora."
O segundo casamento dela
durou 18 anos: desde a separação, ela diz que tornou-se "assexuada". Mora na Barata Ribeiro, uma rua barulhenta de
Copacabana, no Rio.
Nudez, não
Natália sabe que não pode esperar ficar milionária como Gisele Bündchen. Até tentou a
carreira de top model, começou
a fazer fotos e alguns desfiles
aos 15, mas não "virou".
Sempre do bem, ela diz que
"não tinha corpo para ser modelo nem estava disposta a fazer tantos sacrifícios".
Renata Fan volta à carga: "As
tops são modelos de fotoshop,
poses, cenas, não mulheres de
verdade. [Apontando para Natália, com o braço levantado]
Olha pra isso!", diz Fan, espécie
de versão loura de Natália.
A mulher de verdade desembarca cedinho em Cumbica, depois de 12 horas de vôo, com incríveis cílios postiços, sombra
escura, maquiagem pesada, cabelos estilo pantera muito longos enrolados nas pontas, terno
de cetim preto e sandálias claras muito altas.
Um caçador de top models
não esperaria a chegada de Natália ao hotel para repaginá-la.
A miss Brasil posa pacientemente para os fotógrafos, com
um pé mais à frente, meio de lado. O mulherão daria uma sensacional capa de Playboy mas...
"Morro à míngua, mas não faço", corta a mineira de Juiz de
Fora, família grande.
À propósito, os seios fartos de
Natália são naturais: "Todo
mundo pensa que coloquei silicone. Eles já foram até maiores", conta ela, que passou de
manequim 46 de sutiã para 44.
Isso não faz a menor diferença já que, por enquanto, os únicos olhos a terem acesso ao corpão de Natália são os do administrador de empresas Christian Wagner, 23, namorado
desde a época de colégio. "Eu
me considero um cara de visão", diz, rindo. "Sempre me
achei um sortudo."
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