São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Pesquisadores defendem polícia e "cidadania"

DA SUCURSAL DO RIO

Especialistas em segurança dizem que os confrontos e a violência entre policiais e traficantes só serão resolvidos com um "banho de cidadania".
O diretor de Estudos de Segurança do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ronaldo Leão, defende a estratégia de confronto adotada pela Secretaria de Segurança no Complexo do Alemão como correta e necessária. Porém, diz que deve ser aplicada em todas as favelas da cidade e seguida de intensas ações do Estado.
A pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Leonarda Musumeci, concorda com o que chama de "invasão social" e acrescenta a necessidade de agregar ações focadas nos jovens, "os que mais correm riscos de morrer ou virar traficantes". Ela critica, porém, o emprego policial-militar tão intenso.
Para ambos, uma política agressiva e de repressão só terá efeito se aplicada a favelas ao mesmo tempo, unida a ações sociais. "É a única maneira de impedir que os traficantes voltem. A polícia é parte da garantia da cidadania. Tem de estar tudo junto, senão os médicos e as escolas ficam entregues à boa-vontade do bandido da hora", disse Leão, para quem a PM não tem hoje os meios (equipamento e pessoal) para a tarefa.

"Como ratos"
Para Leão, o Rio está perdendo território e a população está "aglomerada como ratos". "Hoje quase 20% [18,6%, segundo o IBGE] da população está em favelas, que ocupam em 2% do território [3,5%, segundo o Instituto Pereira Passos]", disse.
Para ele, "não há outra saída senão a estratégia de reocupação de território" por meio do confronto direto com o crime.
Ele defendeu o uso no Alemão de 8.000 policiais e militares das Forças Armadas -que cercariam o local e dariam proteção a pessoal civil. Na avaliação do pesquisador, a infiltração deve ser feita pela polícia, não pelas Forças Armadas.
"Mesmo assim, para liberar a comunidade do crime de modo definitivo, significa no mínimo 60, 90 dias de operação."
Leonarda diz que os "efeitos colaterais" de uma ação como essa são "em nível tal que indicam que o custo-benefício não está sendo compensador". Ela é favorável a "intervenções pontuais, mas como algo excepcional, não como um modelo e base da política de segurança".


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