|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pesquisadores defendem polícia e "cidadania"
DA SUCURSAL DO RIO
Especialistas em segurança
dizem que os confrontos e a
violência entre policiais e traficantes só serão resolvidos com
um "banho de cidadania".
O diretor de Estudos de Segurança do Núcleo de Estudos
Estratégicos da Universidade
Federal Fluminense (UFF),
Ronaldo Leão, defende a estratégia de confronto adotada pela
Secretaria de Segurança no
Complexo do Alemão como
correta e necessária. Porém, diz
que deve ser aplicada em todas
as favelas da cidade e seguida de
intensas ações do Estado.
A pesquisadora do Centro de
Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido
Mendes, Leonarda Musumeci,
concorda com o que chama de
"invasão social" e acrescenta a
necessidade de agregar ações
focadas nos jovens, "os que
mais correm riscos de morrer
ou virar traficantes". Ela critica, porém, o emprego policial-militar tão intenso.
Para ambos, uma política
agressiva e de repressão só terá
efeito se aplicada a favelas ao
mesmo tempo, unida a ações
sociais. "É a única maneira de
impedir que os traficantes voltem. A polícia é parte da garantia da cidadania. Tem de estar
tudo junto, senão os médicos e
as escolas ficam entregues à
boa-vontade do bandido da hora", disse Leão, para quem a PM
não tem hoje os meios (equipamento e pessoal) para a tarefa.
"Como ratos"
Para Leão, o Rio está perdendo território e a população está
"aglomerada como ratos". "Hoje quase 20% [18,6%, segundo o
IBGE] da população está em favelas, que ocupam em 2% do
território [3,5%, segundo o Instituto Pereira Passos]", disse.
Para ele, "não há outra saída
senão a estratégia de reocupação de território" por meio do
confronto direto com o crime.
Ele defendeu o uso no Alemão de 8.000 policiais e militares das Forças Armadas -que
cercariam o local e dariam proteção a pessoal civil. Na avaliação do pesquisador, a infiltração deve ser feita pela polícia,
não pelas Forças Armadas.
"Mesmo assim, para liberar a
comunidade do crime de modo
definitivo, significa no mínimo
60, 90 dias de operação."
Leonarda diz que os "efeitos
colaterais" de uma ação como
essa são "em nível tal que indicam que o custo-benefício não
está sendo compensador". Ela é
favorável a "intervenções pontuais, mas como algo excepcional, não como um modelo e base da política de segurança".
Texto Anterior: Governo do Rio descarta comparações Próximo Texto: Mortes Índice
|