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Loterias estaduais estão proibidas pelo STF
Súmula terá de ser aplicada para pôr fim a jogos mantidos pelos governos; em SP, Ministério Público diz que vai agir
Em São Paulo, atividade
rende R$ 9 milhões por ano a
projetos ligados à cultura e à
assistência social; entidade
considera que ato é ilegal
EVANDRO SPINELLI
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A súmula vinculante 2 do
STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu 12 Estados de continuarem a explorar suas loterias estaduais. Em São Paulo,
por exemplo, as loterias Paulista e da Cultura ficarão vetadas.
A mesma súmula determinou que apenas a União pode
elaborar leis sobre bingos. Na
prática, de acordo com o ministro Marco Aurélio Mello, a súmula tornou ilegais todos os
bingos do país.
A criação de loterias estaduais foi proibida pelo decreto-lei 204, de 1967. O decreto permitia, porém, que as loterias
existentes em 15 Estados na
época continuassem a operar.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho,
afirmou que as leis estaduais
que criaram loterias foram tornadas ilegais pelo STF e que cabe aos Estados suspender a exploração da atividade.
"Pela súmula, toda loteria estadual é inconstitucional. A administração pública tem de deixar de explorar o jogo", afirmou
o procurador-geral.
Pinho disse que vai esperar
que o Estado de São Paulo se
manifeste sobre o assunto e, caso não suspenda as loterias estaduais, o Ministério Público
tomará providências.
A Procuradoria Geral do Estado, em nome do governo José
Serra (PSDB), informou que vai
estudar os efeitos da súmula do
STF antes de se pronunciar.
Roberto Rabello, presidente
da Able (Associação Brasileira
de Loterias Estaduais), diz que
a súmula não pode impedir o
funcionamento dos jogos estaduais existentes antes de 1967.
"Segundo o decreto 204, de
1967, que foi recebido pela
Constituição de 88, as 15 loterias anteriores àquela data permanecem e o operação dos jogos que existiam está liberada",
declarou Rabello.
Rabello diz ainda que, o decreto, na sua opinião, é inconstitucional por "quebrar o pacto
federativo", uma vez que, em
1967, a divisão do Brasil em Estados era diferente.
Mas reitera que sua entidade
adota a estratégia de não tentar
derrubá-lo no STF para não
correr o risco de, na tentativa
de estender o direito de explorar loterias estaduais aos outros 12 Estados, acabar perdendo o direito que alega ter para
os outros 15.
Investimento social
As duas loterias de São Paulo
repassam cerca de R$ 9 milhões por ano para programas
sociais do governo.
A Loteria Paulista destina recursos para a área da habitação.
Criada em 1987, no ano passado
ela repassou cerca de R$ 5 milhões para o setor, de acordo
com José Spessoto Neto, gerente da Divisão de Loterias da
Nossa Caixa, banco que administra as loterias do Estado.
Já a Loteria da Cultura, criada em 2003, só se estabilizou
no ano passado, de acordo com
Spessoto. Neste ano, já foi repassado R$ 1,7 milhão para os
projetos mantidos pela Secretaria da Cultura do Estado.
As duas loterias juntas faturam cerca de R$ 37 milhões por
ano. No caso da Loteria Paulista, 70% da receita é gasto com
prêmios e impostos. A Loteria
da Cultura paga 45% em prêmios e impostos.
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