São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

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Homem sobrevive a 6 tiros e é morto dentro da UTI

Grupo armado invadiu hospital na zona leste de São Paulo para cometer o crime

O instrutor de capoeira Ludmar Aparecido Andrade, 29, que estava em estado grave, foi o único alvo dos seis criminosos

CINTHIA RODRIGUES

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um grupo de seis criminosos armados invadiu na madrugada de ontem o hospital Cidade Tiradentes (zona leste de São Paulo) e matou a tiros e facadas um homem que tinha sobrevivido a seis tiros pelas costas e se recuperava na UTI.
O instrutor de capoeira Ludmar Aparecido Andrade, 29, tinha sido achado na madrugada de sábado no porta-malas de um Monza, ferido a tiros e com mãos e pés amarrados.
Após uma denúncia anônima, a Polícia Militar o encontrou em um carro abandonado e com o chassi raspado em uma rua sem saída e sem iluminação de Cidade Tiradentes.
Em estado grave, Andrade foi encaminhado ao hospital Cidade Tiradentes, onde foi submetido a uma cirurgia. Estava em recuperação na UTI.
Por volta das 3h de ontem, os seis criminosos chegaram ao hospital em dois carros, um Palio branco e um Tempra escuro.
Um segurança contou à polícia que um dos veículos encostou em frente ao portão de carga e descarga, que fica fechado durante a noite. O vigia relatou que saiu da cabine para dar informação, foi rendido e obrigado a abrir o portão.
Um dos criminosos ficou com ele e os outros cinco entraram no hospital e renderam mais funcionários.
Segundo o boletim de ocorrência, um farmacêutico disse que foi levado até o primeiro andar para servir de escudo caso houvesse escolta policial na UTI. Não havia.
Além de Andrade, outras 12 pessoas estavam internadas na UTI e havia quatro técnicos e enfermeiros de plantão.
Os funcionários foram trancados na sala de descanso dos médicos, de onde ouviram os tiros. Ao sair, encontraram o corpo do instrutor ferido a tiros e facadas.
Uma equipe tentou socorrê-lo, mas Andrade já estava morto. Ninguém mais foi ferido na ação, que durou cerca de 15 minutos.
Uma pistola e uma faca foram jogados no quarto. O enfermeiro e o segurança disseram que os invasores vestiam toucas que encobriam a maior parte do rosto.
Os seguranças do hospital não trabalham armados. Familiares disseram ter pedido escolta policial, mas não foram atendidos. A Secretaria da Segurança Pública informou que Andrade não tinha escolta porque era considerado vítima, não tinha antecedentes criminais e não havia informações sobre possíveis ameaças.
O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa).

Família
Chamado de "Grande" pelos alunos e colegas, o instrutor de capoeira era casado havia cinco anos, tinha uma filha de três anos e três enteados.
Morava com a mulher e a sogra num conjunto habitacional Santa Etelvina 2, em Cidade Tiradentes (zona leste).
Um amigo o descreve como um professor calmo e atencioso, apaixonado pelo seu trabalho. Esse amigo, que não quis se identificar, disse que Andrade tinha mais de 30 alunos, mas estava à procura de outro trabalho que pudesse conciliar com as aulas de capoeira para aumentar sua renda.
Nascido em Piracicaba, Andrade deverá ser enterrado lá.


Colaborou ADRIANA ALVES, do "Agora"


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