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Na Unifesp, cotista só fica atrás nos cursos de exatas
Beneficiados têm desempenho igual aos demais durante a graduação em 21 das 23 carreiras
Universidade destina 10% de suas vagas a estudantes cotistas e critica projeto no Congresso que estipula reserva de 50% das vagas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os estudantes cotistas na
Universidade Federal de São
Paulo têm desempenho semelhante aos demais durante a
graduação em 21 dos seus 23
cursos. As duas exceções estão
em carreiras na área de exatas.
Os dados fazem parte de uma
pesquisa da pró-reitoria de graduação da instituição, que
aponta problemas no ensino
público como uma das explicações para o baixo desempenho
dos cotistas nas exatas.
O estudo também serve como base para crítica ao projeto
a ser votado no Congresso, que
determina que as universidades reservem metade de suas
vagas a alunos da rede pública.
Há três anos, a Unifesp destina 10% das vagas a alunos de escolas públicas que se declarem
negros, pardos ou indígenas.
Com a reserva, os cotistas
chegam a ser aprovados no vestibular com nota 30% inferior
aos demais. Em geral, a diferença desaparece no início da graduação, inclusive em medicina.
Já em engenharia química e
em ciências da computação, os
únicos cursos de exatas da Unifesp, os cotistas estão piores.
Neste último, por exemplo, as
médias foram 6,9 e 5, na escala
de 0 a 10, sendo 7 o mínimo exigido (veja quadro ao lado).
"Os cotistas parecem estar
mais preparados para as adversidades e têm condições de melhorar rapidamente", afirma o
pró-reitor de graduação da
Unifesp, Luiz Eugênio Mello.
Sobre os cursos de exatas, a
explicação apontada por Mello
é que a rede média pública esteja mais deficiente nessa área.
Os dados divulgados em março pela Secretaria da Educação
da gestão Serra (PSDB) reforçam a tese: 96% dos alunos do
ensino médio tiveram notas insatisfatórias em matemática no
exame aplicado pelo governo;
em português, foram 79%.
Procurada ontem, a pasta diz
investir "maciçamente" na melhoria da rede, com recuperações aos alunos, por exemplo.
Crítica a projeto de lei
Para Mello, os dados indicam
que o projeto a ser votado reduzirá a qualidade dos cursos. Isso porque, além das notas nas
exatas, a reprovação é maior
entre os cotistas na Unifesp
-43% repetiram ao menos
uma disciplina em 2007; entre
os demais, 34%. "Dez por cento
de cotas parecem o nosso limite. Se aumentar, vamos perder
em qualidade", diz.
Defensor da lei, o coordenador do Movimento dos Sem
Universidade, Sérgio Custódio,
rebate: "Como podem criticar
os 50% se nem tentaram? Os
dados deles próprios mostram
o potencial da rede pública."
Outras instituições já divulgaram estudos que indicam que
os beneficiados por ações inclusivas podem ter boas notas.
Na Unicamp, que dá pontos
no vestibular a alunos da rede
pública, os beneficiados chegam a ter médias até mais altas
na graduação. "Isso só ocorre
porque tivemos liberdade. Fixar um projeto para todos é um
erro", afirma o coordenador da
seleção, Leandro Tessler.
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