São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO

BUSCAS

Aeronáutica diz ter encontrado os primeiros destroços do Airbus da Air France que desapareceu no oceano Atlântico, mas o primeiro navio da Marinha só chegará ao local às 18h de hoje; procura pela aeronave e por passageiros continua

AP
Oficial francês a bordo de avião que partiu de uma base no Senegal monitora a área onde o Airbus da Air France desapareceu

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem que um avião da Força Aérea Brasileira localizou os primeiros destroços do Airbus da Air France que sumiu na noite de domingo sobre o oceano Atlântico, quando voava do Rio para Paris.
Segundo ele, o material, encontrado no início da madrugada, está a cerca de 740 km do arquipélago de Fernando de Noronha, em direção à Europa.
Durante todo o dia, havia a expectativa de que os destroços fossem recolhidos, mas, até a noite, isso não havia ocorrido por causa da dificuldade de navios chegarem ao trecho. Mesmo assim, de acordo com o ministro, é certo que o material é da aeronave francesa.
A descoberta dos destroços alimentou a esperança das famílias dos passageiros. Alguns parentes ainda acreditam que os ocupantes do Airbus possam ser encontrados com vida.
O voo AF 447 decolou às 19h29 de domingo do aeroporto Tom Jobim, no Rio, com 228 pessoas a bordo, incluindo sete crianças e um bebê. Segundo a Air France, 58 eram brasileiras.
As causas do acidente continuam sendo um mistério. Por enquanto, sabe-se que o avião enviou alerta de pane elétrica e despressurização da cabine antes de desaparecer e que os pilotos não seguiram a altitude prevista no plano de voo quando o avião foi registrado pela última vez pelo radar brasileiro.
A investigação sobre as causas do desastre é responsabilidade do governo da França, onde o avião tem registro legal. O resgate de destroços e desaparecidos fica a cargo do Brasil.
A Marinha enviou navios para o local onde foram vistos os destroços, mas, por causa da baixa velocidade de navegação e das condições ruins no mar, o primeiro deles, que partiu de Natal, só chegará às 18h de hoje, disse o contra-almirante Domingos Sávio Nogueira, do centro de comunicação social.
Acionados quando navegavam pelas imediações, três navios mercantes -dois holandeses e um francês- chegaram ontem à área, mas não localizaram vestígios do Airbus. Segundo Nelson Jobim, eles não farão resgate de destroços -só de sobreviventes, caso existam. O ministro disse que a caixa-preta do Airbus deve estar no fundo desse trecho do oceano Atlântico, onde, disse, a profundidade pode chegar a 3 km.
Foi um avião R-99 da FAB que identificou à 1h, por radar, o conjunto de objetos metálicos e não metálicos no mar -ele envia ondas magnéticas e, conforme elas retornam, o sistema identifica se há ou não objetos na superfície do oceano.
Já de manhã, outro avião da Aeronáutica avistou manchas de óleo. Depois, surgiu uma poltrona. A confirmação do local só ocorreu às 12h30, quando um Hércules identificou um rastro de destroços de 5 km.
As buscas vão continuar, ainda por aviões, para localizar eventuais sobreviventes. As aeronaves estão equipadas para resgatar pessoas, se necessário.
Participam das operações cem militares brasileiros. Mais quatro navios da Marinha chegarão à região nos próximos dias.
O Departamento da Defesa dos EUA também deslocou ontem um avião e equipes para ajudar nas buscas. Informações não confirmadas diziam que, a pedido da França, o Pentágono teria concordado em vasculhar imagens da provável rota do avião captadas por satélites de observação estratégica.
A lista dos ocupantes do voo será divulgada apenas hoje, segundo a Air France, que decidiu só emitir os nomes após avisar todas as famílias.
Jobim esteve com parentes de passageiros, abrigados pela empresa num hotel do Rio. "Foi um diálogo difícil, dado o estado emocional em que se encontram", disse. O presidente interino, José Alencar, decretou luto oficial de três dias.


Colaboraram JOHANNA NUBLAT e LARISSA GUIMARÃES , da Sucursal de Brasília, SÉRGIO DÁVILA , de Washington, e FÁBIO GUIBU , da Agência Folha, em Natal


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