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SP faz blitz em 13 empresas de merenda
Secretaria da Fazenda apreendeu livros contábeis e arquivos de computador para auxiliar investigação da Promotoria
Fornecedoras são suspeitas de formação de cartel para dividir mercado e fraude em contratos com ao menos 32 cidades do Estado de SP
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Fazenda de
São Paulo realizou ontem uma
blitz em 13 empresas fornecedoras de merenda no Estado
para auxiliar o Ministério Público nos inquéritos que apuraram suspeitas de fraudes e formação de cartel em 32 cidades
paulistas, incluindo a capital.
Foram apreendidos livros
contábeis, arquivos físicos e
eletrônicos em 37 endereços
dessas 13 empresas investigadas pelo suposto esquema.
No decorrer das investigações, a Promotoria já descobriu
um suposto acerto prévio entre
empresas para dividir lotes e
combinar preços na licitação
realizada em 2006 pela Prefeitura de São Paulo, que gasta R$
258 milhões ao ano com a merenda terceirizada.
Também diz ter descoberto o
pagamento de propina a funcionários públicos. Os nomes
dessas pessoas não são informados pela Promotoria.
O Ministério Público investiga o suposto esquema desde
2007, quando a Folha revelou
que havia nas escolas municipais da capital a distribuição de
alimentos de baixa qualidade e,
até, o racionamento da comida
fornecida aos alunos. Exemplo:
uma maçã era dividida ao meio
para que as empresas gastassem menos e lucrassem mais.
Após a descoberta do suposto esquema, a Prefeitura de São
Paulo afastou ao menos quatro
funcionários -entre eles uma
diretora da merenda-, que teriam sido cooptados pelas fornecedoras terceirizadas.
O Ministério Público chegou
a enviar recomendação ao prefeito Gilberto Kassab (DEM)
para que abandonasse a terceirização da merenda. O prefeito
disse que não vai acatar.
A operação, batizada de Pratos Limpos, ocorreu em 17 locais da capital, nove na Grande
São Paulo e 11 no interior. Os
fiscais farão auditoria fiscal e
contábil nos registros das empresas, desde 2006, para investigar se eles vêm sonegando
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
"Sabemos que a sonegação
anda de mãos dadas com a corrupção", disse Antonio Carlos
de Moura Campos, da Diretoria Executiva da Administração Tributária da secretaria. A
auditoria, ele prevê, só deve
terminar no final deste ano.
Outro braço da investigação
da Fazenda vai realizar um cruzamento dos contratos sociais
das empresas para verificar se
há ramificação entre elas. Caso
isso se confirme, será mais um
indício de formação de cartel.
Venda direta
O promotor de Justiça Arthur Lemos Filho, que participa da investigação, diz que o
próximo passo será abrir inquéritos também para verificar
se há cartel também entre empresas que vendem produtos
para que as próprias prefeituras preparem a merenda.
Na semana passada, a Folha
revelou que ao menos 11 empresas de venda direta contrataram advogado para fazer
lobby contra a terceirização.
Ainda de acordo com Lemos
Filho, o Ministério Público já
tinha informações desse suposto esquema e falta formalizar o início das investigações.
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