São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010 |
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Bairro desentope canos ao reciclar óleo de cozinha Casos de obstrução de dutos em Cerqueira César caíram 26% com medida Edifícios que aderem ao programa têm 50% menos gastos com canos entupidos, dizem ONGs que recolhem resíduo
EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO A reciclagem de óleo de cozinha em Cerqueira César, bairro central de São Paulo, baixou em 26% o número de casos de entupimento na rede de esgoto da região entre 2008 e 2009. Iniciado há três anos, o programa de reaproveitamento tem a adesão de 1.500 dos 1.600 prédios do bairro. Nesse projeto, os prédios recolhem os restos da fritura nos apartamentos e entregam o material para reciclagem. Segundo a Sabesp, os pedidos para desobstrução de dutos caíram de 727 para 539. Além disso, sem tanta gordura descendo pelos ralos, a tubulação de esgoto do próprio prédio fica mais limpa. O custo geral de um condomínio com serviços de desentupimento chega a cair 50%, estimam as organizações que coletam o óleo. Waltemir Munhoz, síndico de um prédio na alameda Franca, usa o ganho individual para incentivar a participação na reciclagem. "Quem faz a reciclagem não tem mais problemas com entupimento de pias." Ele cita ainda o ganho ambiental: "O óleo, quando vai para a rede, acaba servindo de alimento para ratos e baratas". Célia Marcondes, presidente da Associação de Moradores de Cerqueira César, relata que os zeladores do prédio estão felizes. "Eles dizem que o problema deles, de desentupir a pia das madames, acabou." Marcondes liderou, em 2007, o programa de reciclagem intensiva no bairro, que depois ganhou a adesão da Sabesp e da prefeitura. Mais tarde, ela criou a associação Ecóleo para divulgar o projeto para outras cidades. "Em muitos lugares, essa é uma oportunidade para que postos de trabalho possam ser abertos", diz. "Existem pessoas que coletam milhares de litros de óleo porta a porta e depois revendem." Hoje, o litro, em São Paulo, é vendido a cerca de R$ 0,90. ASFIXIA DE PEIXES O dano ambiental do óleo ocorre porque muitas pessoas tentam fugir do problema do entupimento. Elas jogam o óleo na rede de água da chuva ou diretamente na terra. O resíduo vai parar em lagos, represas, rios e mares. "O impacto do óleo no tratamento da água potável é nenhum. Mas, no ambiente, ele pode poluir e matar uma série de organismos", diz Marcelo Morgado, assessor de meio ambiente da presidência da Sabesp. Segundo o dirigente, apesar da exigência da lei, muitos prédios e casas de São Paulo não têm a caixa de gordura, instalação que evita que o óleo jogado fora chegue à rede da companhia. Próximo Texto: Maior parte do óleo é utilizada para produzir biodiesel Índice |
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