São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Promotoria investiga venda de hospital

Ministério Público afirma que a PUC não pode comprar Umberto Primo

Mantenedora da PUC nega compra; grupo integrado por credores da universidade teriam comprado o imóvel

RICARDO WESTIN
LETICIA DE CASTRO
EVANDRO SPINELLI

DE SÃO PAULO

O futuro do conjunto de prédios na Bela Vista (centro) onde funcionou por décadas o hospital Matarazzo continua incerto.
Após associações de moradores e de ex-pacientes anunciarem que a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) havia comprado o imóvel, a Fundação São Paulo, mantenedora da universidade, saiu a público para desmentir a informação.
A reitoria não se manifestou, mas fontes ligadas a ela confirmam o negócio.
O Ministério Público do Estado abriu ontem um inquérito civil para investigar o caso. Segundo Airton Grazzioli, promotor responsável pelas fundações, a PUC-SP não pode comprar o imóvel.
Em primeiro lugar, porque o reitor Dirceu de Mello não tem autonomia para fazer a compra. Depois, porque a compra e a venda de qualquer imóvel por uma fundação precisam ser aprovadas pelo Ministério Público, porque gozam de imunidade tributária.
E, por fim, porque a PUC-SP ainda tem elevadas dívidas com bancos e professores, remanescentes de 2005, ano em que a universidade passou pela pior crise financeira de sua história.
"A PUC-SP neste momento não tem condições financeiras para fazer esse negócio", disse Grazzioli.

NOTA
A Fundação São Paulo divulgou ontem uma nota para esclarecer que "nunca participou de encontros ou assinou documentos com a Previ [fundo de pensão dono do prédio] ou com qualquer grupo de investidores", mas confirma que "recebeu notícias do reitor (...) de eventual proposta imobiliária envolvendo o imóvel".
Procurada, a Previ diz apenas que "informações e decisões relativas às negociações do imóvel estão sujeitas a sigilo comercial".
Está marcada para segunda-feira, no entanto, uma reunião entre associações de moradores e a reitoria para apresentação do projeto da PUC para o local. "O convite foi feito há cerca de 20 dias por um funcionário da universidade", disse o advogado Marcus Vinicius Gramegna, que, em 1999, entrou com uma ação civil pública contra a Previ a fim de evitar o destombamento do local.

INVESTIDORES
A Folha apurou que um grupo de investidores, que envolve credores da PUC, é quem está fechando o negócio. Os investidores querem que a PUC seja uma espécie de âncora do futuro empreendimento imobiliário que será lançado no local.


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