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Relatório prevê "apagão" do ensino médio no país
Estudo da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aponta a necessidade de 235 mil professores
Baixos salários, violência nas escolas e falta de plano de carreira estariam entre as causas do pequeno interesse pela carreira docente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil pode viver um "apagão do ensino médio" nos próximos anos, afirma relatório da
Câmara da Educação Básica do
CNE (Conselho Nacional de
Educação) que será divulgado
hoje. Fundamentado em pesquisa do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC), o texto
estima a necessidade de cerca
de 235 mil professores nesse
nível de ensino em todo o país.
O maior déficit, de acordo
com o estudo, está nas áreas de
física, química, biologia e matemática. O trabalho estima que
são necessários 55 mil professores de física, mas aponta que
as licenciaturas da área só formaram 7.216 entre 1990 e 2001.
Os autores do relatório propõem, como medidas emergenciais, o aproveitamento de alunos de licenciatura como professores, a criação de uma espécie de Prouni para o ensino médio no caso de as escolas públicas não conseguirem atender à
demanda, incentivos para aposentados retornarem à carreira
e a contratação de estrangeiros.
Além da questão quantitativa, outro problema a ser enfrentado no ensino médio, de
acordo com o CNE, é a formação dos professores. As únicas
áreas em que mais de 50% dos
professores têm licenciatura na
disciplina ministrada são língua portuguesa, biologia e educação física.
O estudo aponta que o problema da falta de professores
deve aumentar com o crescimento esperado do número de
matrículas. Dados de 2003
mostram que, naquele ano,
apenas 30% da população entre
25 e 64 anos havia concluído ao
menos a etapa final da educação básica, que culmina no ensino médio, contra 83% na Alemanha e 49% no Chile.
Ainda assim, o texto do CNE
aponta uma queda das matrículas nesse nível de ensino no
Brasil após a expansão de 138
mil entre 2005 e 2004.
De acordo com pesquisa do
Ipea citada no estudo, o número é resultado da diminuição de
matrículas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte
e Nordeste houve crescimento.
Entre as causas apontadas
pelo CNE para a crise dos professores está o baixo financiamento da educação. A pesquisa
mostra que o Brasil investe só
US$ 1.008 por aluno nessa etapa de ensino, enquanto a média
é de US$ 9.835 na Alemanha, de
US$ 2.387 no Chile e de US$
2.378 na Argentina.
Além do problema salarial, o
CNE credita o baixo interesse
pela carreira docente a condições inadequadas de ensino, à
violência nas escolas e à falta de
um plano de carreira.
Os autores do texto propõem, a longo e médio prazo,
dar prioridade às licenciaturas
em ciências da natureza e matemática, informatizar as escolas e dar bolsas de incentivo à
docência.
(ANGELA PINHO)
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