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Franceses criticam legistas brasileiros
Queixa é de suposta demora no acesso aos laudos das autópsias de corpos do voo 447; governo de Pernambuco nega
Segundo escritório francês de investigação, os laudos poderiam dar mais indícios sobre os momentos finais no Airbus da Air France
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
As autoridades brasileiras
que cuidam da autópsia dos
corpos de vítimas da queda do
Airbus foram alvo de crítica durante a divulgação, ontem, do
relatório preliminar do BEA
(Escritório de Investigações e
Análises), que cuida da investigação das causas do acidente.
Alain Bouillard, do BEA, disse que os laudos das autópsias
poderiam dar mais indícios sobre os momentos finais do voo
447, mas que o órgão ainda não
teve acesso às informações.
"O pedido já foi foi feito às
autoridades brasileiras, mas
ainda não há uma data prevista
para recebermos os laudos",
disse Bouillard.
A Secretaria da Defesa Social
de Pernambuco negou que esteja dificultando o acesso dos
franceses aos dados, mas não
informou se os laudos foram ou
não entregues ao BEA.
Foi a segunda vez em 15 dias
que o BEA se manifestou sobre
a suposta dificuldade dos franceses em obter informações sobre as autópsias, que estão sendo feitas no IML (Instituto de
Medicina Legal) de Recife.
No dia 17 de junho, o órgão
disse que, além da falta de dados, um médico francês não foi
autorizado a participar dos exames. O IML alegou que o perito
não estava credenciado.
Segundo a secretaria estadual, quatro especialistas da
França -um comandante de
polícia, um investigador, um cirurgião dentista e um médico-
acompanham os trabalhos desde o dia 10 de junho.
Esses peritos, informou,
atuam como observadores, mas
têm livre acesso aos trabalhos e
participam das reuniões diárias
realizadas pelos legistas, quando são elaborados relatórios e
definidas conclusões.
Dos 51 corpos encontrados,
35 já foram identificados.
Comunicação
O BEA também levantou dúvidas, laterais em relação ao
acidente, ao analisar as comunicações dos controladores de
voo. Para Bouillard, não foi
"normal" a demora de seis horas entre o desaparecimento do
avião e o início do alarme de desastre e respectivas buscas.
O avião fez o último contato
por rádio com o Brasil às
22h33. Deveria entrar em contato novamente às 23h20 no
ponto Tasil (1.200 km de Natal), fronteira entre a área sob
controle brasileiro e a de responsabilidade do Senegal.
Como o avião não se reportou às 23h20, Bouillard afirma
que após três minutos deveria
haver contato entre os controladores brasileiros e senegaleses. "Esse é um dos eixos das investigações: descobrir por que
levou tanto tempo para as mensagens de alerta serem lançadas", disse.
(CINTIA CARDOSO E FÁBIO GUIBU)
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