São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

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Para urbanistas, projeto para cracolândia é bom, mas falta estrutura

Professores afirmam que adensamento da região depende de investimento em saúde, lazer e transporte

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de revitalização da cracolândia só será bem-sucedido caso a prefeitura melhore a infraestrutura de transporte, saúde e educação do centro da cidade. A opinião é de urbanistas ouvidos pela Folha.
Elaborado pela gestão de Gilberto Kassab (DEM), a proposta prevê transformar a área no bairro com a maior população por metro quadrado da cidade.
A meta é que a região da Nova Luz tenha 35 mil habitantes por km2. Levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano mostra que os distritos mais populosos da cidade são: Bela Vista (com 22,2 mil habitantes por km2) e Sapopemba (com 21,8 mil habitantes por km2).
O projeto de revitalização da cracolândia deve ficar pronto no segundo semestre de 2010.
"Adensar e ocupar áreas que já estão estruturadas é quase um consenso universal. Mas é preciso melhorar as condições de circulação", afirma o urbanista José Paulo de Bem, 67, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"Sinto falta de uma estratégia mais ampla. Precisamos de um plano regional que inclua toda a região central", diz.
A instalação de estruturas culturais, como a Sala São Paulo e o Museu da Língua Portuguesa, ainda não trouxe o retorno previsto pelo poder público, diz o urbanista José Pedro de Oliveira Costa, 63, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
"Não acho o adensamento ruim, mas é preciso fornecer uma estrutura para quem for morar na região", afirma Costa.
A estrutura citada pelo urbanista, significa a construção de hospitais, escolas, creches e áreas de lazer, por exemplo .
O urbanista Kazuo Nakano, 39, do Instituto Pólis, avalia que o plano precisa levar em conta a classe social que passará a ocupar a área. "Pelo que tenho visto, os projetos têm sido voltados para pessoas de alta renda. O correto seria ter também habitações populares."
Para o urbanista Candido Malta, 72, professor aposentado da USP, o repovoamento do centro é positivo. "Há uma capacidade ociosa e é uma das áreas mais bem estruturadas de São Paulo", diz.
Ele ressalta que o projeto não prevê o fim da cracolândia. "Ela só vai mudar de lugar. É preciso acabar com a compra e venda de drogas", avalia.
(AFONSO BENITES)


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