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Para urbanistas, projeto para cracolândia é bom, mas falta estrutura
Professores afirmam que adensamento da região depende de investimento em saúde, lazer e transporte
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de revitalização da
cracolândia só será bem-sucedido caso a prefeitura melhore
a infraestrutura de transporte,
saúde e educação do centro da
cidade. A opinião é de urbanistas ouvidos pela Folha.
Elaborado pela gestão de Gilberto Kassab (DEM), a proposta prevê transformar a área no
bairro com a maior população
por metro quadrado da cidade.
A meta é que a região da Nova Luz tenha 35 mil habitantes
por km2. Levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano mostra
que os distritos mais populosos
da cidade são: Bela Vista (com
22,2 mil habitantes por km2) e
Sapopemba (com 21,8 mil habitantes por km2).
O projeto de revitalização da
cracolândia deve ficar pronto
no segundo semestre de 2010.
"Adensar e ocupar áreas que
já estão estruturadas é quase
um consenso universal. Mas é
preciso melhorar as condições
de circulação", afirma o urbanista José Paulo de Bem, 67,
professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
"Sinto falta de uma estratégia mais ampla. Precisamos de
um plano regional que inclua
toda a região central", diz.
A instalação de estruturas
culturais, como a Sala São Paulo e o Museu da Língua Portuguesa, ainda não trouxe o retorno previsto pelo poder público, diz o urbanista José Pedro de Oliveira Costa, 63, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
"Não acho o adensamento
ruim, mas é preciso fornecer
uma estrutura para quem for
morar na região", afirma Costa.
A estrutura citada pelo urbanista, significa a construção de
hospitais, escolas, creches e
áreas de lazer, por exemplo .
O urbanista Kazuo Nakano,
39, do Instituto Pólis, avalia
que o plano precisa levar em
conta a classe social que passará a ocupar a área. "Pelo que tenho visto, os projetos têm sido
voltados para pessoas de alta
renda. O correto seria ter também habitações populares."
Para o urbanista Candido
Malta, 72, professor aposentado da USP, o repovoamento do
centro é positivo. "Há uma capacidade ociosa e é uma das
áreas mais bem estruturadas
de São Paulo", diz.
Ele ressalta que o projeto
não prevê o fim da cracolândia.
"Ela só vai mudar de lugar. É
preciso acabar com a compra e
venda de drogas", avalia.
(AFONSO BENITES)
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