São Paulo, quinta, 3 de julho de 1997.



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EDUCAÇÃO
Participação dos Estados na prova é voluntária; teste vai servir para captar as falhas de cada instituição
2º grau terá provão para avaliar escolas

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Dez Estados vão participar em novembro, voluntariamente, de um exame que tem por objetivo avaliar as escolas e aperfeiçoar seus projetos pedagógicos.
Se inscreveram para o exame São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Goiás e Rondônia.
Devem participar ao todo cerca de 500 mil alunos da 3º série do 2º grau, a princípio apenas de escolas estaduais (80% das matrículas no 2º grau são em escolas públicas e 20%, nas particulares). Para os alunos, a prova será obrigatória.
A idéia é que, com base nos resultados, cada escola reflita sobre seu funcionamento. Se for detectado, por exemplo, que em determinada escola os alunos apresentam problemas em logaritmos, seria pensada uma forma de melhorar o ensino desse item.
Os Estados negociarão qual deverá ser o objeto da prova, ou seja, o que eles consideram como prioridade avaliar.
As questões sairão de um banco com 9.000 itens elaborados a partir de uma pré-testagem feita com 80 mil alunos e encerrada no mês passado. Os itens usados no teste, por sua vez, foram feitos com base em uma matriz originada do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) de 95.
"A prova servirá para que as secretarias estaduais avaliem as escolas", disse Maria Helena Guimarães Castro, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Essa prova não tem nenhuma relação com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que só deverá ser realizado no ano que vem e tem por objetivo fazer uma avaliação do desempenho individual de cada estudante.
O Enem é opcional: o aluno que estiver terminando a 3ª série do 2º grau se inscreve se quiser.
Se ele fizer a prova, aplicada pelo MEC, receberá um certificado de proficiência e uma credencial individual com as notas.
Essa credencial poderá ser usada, se for vontade do aluno, para o ingresso no mercado de trabalho. Num segundo momento, a credencial poderá servir também para o ingresso na universidade.
O grande problema atual é a heterogeneidade dos currículos escolares. Com a credencial do Enem, o dez de um aluno que estudou em um estabelecimento cujo ensino é considerado fraco teria o mesmo peso do dez do aluno que estudou em um estabelecimento cujo ensino é considerado forte.
Tanto o exame das escolas quanto o Enem fazem parte do sistema de avaliação do ensino médio elaborado pelo MEC. Ontem, em um seminário internacional realizado em Brasília sobre o tema, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, disse que entregará na próxima segunda-feira ao CNE (Conselho Nacional de Educação) a proposta de reforma.
O ministério propõe, basicamente, a criação de núcleos de disciplinas comuns no ensino médio, abrindo espaço para disciplinas optativas, que poderiam ser escolhidas por cada escola.



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