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ENSINO FUNDAMENTAL
Atraso causado pela repetência é compensado
Projeto para acelerar estudos
de crianças é lançado em BH
FERNANDO ROSSETTI
enviado especial a Belo Horizonte
Um novo projeto de aceleração
de aprendizagem -que tenta reduzir as altas taxas de distorção
idade/série no ensino público-
foi lançado ontem em Belo Horizonte (MG) pelo Instituto Ayrton
Senna (IAS) e pela Petrobras.
Com cerca de R$ 1,1 milhão de
investimento, este ano, o projeto-piloto atinge 3.500 crianças em
15 municípios, no Acre, Bahia,
Ceará, Maranhão, Minas Gerais,
Pará, Rio Grande do Sul e Tocantins.
A aceleração de aprendizagem é
uma idéia que surgiu há pouco
mais de três anos e que está se espalhando por todo o país. Parte da
constatação de que a reprovação
de alunos, além de provocar um
enorme abalo na auto-estima dos
alunos, leva ao desperdício de recursos da educação.
Segundo Antonio Carlos Gomes
da Costa, educador e consultor do
programa "Acelera Brasil", o país
gasta cerca de R$ 2,5 bilhões ao
ano com a repetência.
Na média brasileira, leva-se 11,2
anos para concluir os 8 anos do 1º
grau. Apenas 40% dos alunos conseguem terminar o 1º grau sem repetir uma série.
Com materiais didáticos específicos e professores especialmente
treinados para essas classes -que
têm no máximo 25 alunos-, consegue-se fazer com que crianças
que já repetiram mais de dois anos
avancem três séries em menos da
metade do tempo habitual.
Evasão
O trabalho reverte a tendência
que esses alunos têm de abandonar os estudos. Além disso, a classe
de aceleração acaba "contaminando" o resto da escola com uma
nova cultura educacional. O projeto atende crianças estão entre a 1ª a
4ª série e as coloca na 5ª série.
"As crianças saem dessa experiência com a sensação de que dá
para enfrentar os problemas da vida", afirmou Viviane Senna, presidente do IAS. Segundo ela, "o
projeto é muito mais que uma proposta pedagógica. É uma ação de
caráter ético e político".
Projeto no mesmo sentido está
sendo desenvolvido desde o ano
passado na rede estadual de São
Paulo, que já tem 800 escolas envolvidas, atendendo 42 mil alunos.
Mais do que dar os conteúdos, a
idéia é devolver aos alunos a auto-estima e recriar o gosto pelo estudo. "No Maranhão, os testes
têm mostrado que, após passarem
pela aceleração, esses alunos ficam
da média para cima na turma", diz
Nilcéa Lopes dos Santos, do Centro de Ensino Tecnológico de Brasília, que forma os professores.
A avaliação tanto dos conteúdos
como da auto-estima nos alunos e
de repercussões na comunidade
escolar será feita pela Fundação
Carlos Chagas.
A material didático para o programa foi desenvolvido pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais. No lugar
de dividir as disciplinas, integra os
conteúdos em torno de projetos
desenvolvidos pelos alunos.
O jornalista Fernando Rossetti viajou a Belo
Horizonte a convite do Instituto Ayrton Senna e
da Petrobras
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