São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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MEIO AMBIENTE
Segundo a polícia, o lixo foi jogado irregularmente por garis uniformizados da companhia municipal do Rio
PF flagra despejo de lixo na floresta da Tijuca

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A Polícia Federal flagrou o despejo de lixo na floresta da Tijuca por garis uniformizados da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e abriu inquérito para apurar quem são os responsáveis pelo ato.
A Comlurb é o órgão da Prefeitura do Rio encarregado de manter limpas as áreas públicas da cidade.
O flagrante dado pela PF inclui até mesmo fotografias, anexadas ao inquérito número 458/99, presidido pelo delegado Ricardo Bechara, chefe do Núcleo de Prevenção e Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da Polícia Federal no Rio.
As fotografias, feitas a uma distância de cerca de 20 m, mostram dois garis da Comlurb, com os tradicionais uniformes de cor laranja da companhia, empurrando um carrinho de mão cheio de lixo. Na sequência, as fotos mostram os garis entrando no mato e saindo com o carrinho vazio.
Segundo o delegado, as fotos foram feitas no dia 31 de março pelo agente do núcleo, habitual frequentador do parque, que investiga o despejo de lixo na floresta. O nome do agente não foi revelado pela PF.
"Já foram mapeados 180 pontos de lixo no Parque Nacional da Tijuca", disse Bechara.
A Comlurb informou ao delegado que só joga na floresta o lixo orgânico (galhos e folhas), para que a vegetação se regenere (leia texto nesta página).
A orientação para o despejo do lixo orgânico no mato é do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), responsável pela conservação do Parque Nacional da Tijuca -reserva da biosfera e uma das principais atrações turísticas do Rio-, conforme convênio entre o instituto e a prefeitura.
A explicação da companhia não convenceu Bechara, que pretende interrogar o chefe do parque, Pedro da Cunha e Menezes.
"A Comlurb explica, mas não justifica. Eles (os garis) jogam o lixo orgânico e também o inorgânico (latas, plásticos e garrafas, por exemplo). E jogam sobre lixeiras existentes no meio do mato. Pelo que sei, lixo orgânico em cima de lixeira não regenera nada", disse Bechara.
O diretor do parque disse que vai elogiar a Comlurb no depoimento que prestará à PF. Ele afirmou que, com "a participação efetiva" dos garis da Comlurb, foram retiradas da floresta, nos últimos três meses, 87,5 toneladas de lixo.
Os garis mostrados pelas fotografias fazendo o despejo ainda não foram identificados. O agente federal que fez as fotos preferiu não prendê-los no momento do despejo. Para o diretor do parque, a se confirmar o despejo irregular de lixo na floresta, os responsáveis devem ser punidos.


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